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sábado, 31 de dezembro de 2011

MENSAGEM DE NATAL


Jaime Sidônio


Querido irmão,
Querida irmã,


“Então é Natal!” Jesus nasceu na gruta de Belém! Contemplemos o presépio. O presépio é norma para a fé: é a porta de entrada para a casa onde Deus mora. É o acesso para O conhecer e O reconhecer.

A pequenez delicada de Deus respeita a liberdade humana. O amor é vulnerável, expõe-se à rejeição, pois não pode se impor; senão não seria amor. Mas quando acolhido na sua impotência, dá “o poder de se tornar filhos e filhas de Deus” (Jo 1,12).

Como Maria e como os pastores, somos convidados a contemplar e a tocar, com eles a Palavra da vida, o Verbo feito carne, que habitou entre nós (Jo 1, 14).

“Assim, - diz São Paulo escrevendo a Tito – a graça de Deus se manifestou trazendo a salvação para todas as pessoas” (Tt 2, 11).

Com o coração cheio de gratidão pela ação amorosa de Deus em nossa história, particularmente, por nos ter mostrado seu rosto em Jesus Cristo, revelado no mistério da encarnação, desejo a você um Natal repleto de bênçãos e luzes, e um Ano Novo marcado pela ação carinhosa de Deus em sua vida.

Com carinho e gratidão,


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

ALIMENTO DE VIDA ETERNA

Jaime Sidônio


Acredito que cada pessoa é consciente quanto a esta verdade: tudo neste mundo é relativo. Há coisas de maior e de menor importância, coisas que duram e coisas que são passageiras. Há também aquelas que são primárias e outras que são secundárias. Todos nós entendemos que a sobremesa não pode vir antes para substituir o prato principal.

Um dia, depois que Jesus havia multiplicado os pães, muita gente o procurava e ele compreendeu que as pessoas o buscavam não por amor ou por causa dos sinais que havia realizado, mas porque comeram e ficaram saciadas, porque desejavam receber benefícios e, até satisfazer certa curiosidade. Afinal, por que não aproveitar? Diante disso, Jesus lhes interpelou: “trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna” (Jo 6, 27). Noutras palavras, Jesus estava dizendo: “procurem, busquem o absoluto. Não se prendam ao relativo, àquilo que é passageiro”.

E o que é realmente o duradouro? - É claro que nesse caso Jesus está se referindo, com toda certeza, à importância da Eucaristia, mas, também a tudo aquilo que contribui para promover nosso relacionamento com Deus, no amor. Sabemos que nada, por menor que seja ou que pareça ser, é de pouca importância quando se refere ao amor. O que importa é levarmos a sério e nos empenharmos na busca de Deus. Só ele é absoluto, só ele permanece; tudo o mais é relativo, passageiro.

Quantas vezes nós invertemos as coisas! Num casamento, por exemplo, quanta coisa supérflua. Quantos enfeites, quanto luxo, quanta pompa, quanta vaidade, mas nenhum conteúdo interno, às vezes nem o consentimento que é essencial para que o matrimônio se realize. E os relacionamentos? - Alguns são meramente comerciais, de amizade não existe nem vestígio. E as relações entre os políticos? - Deus nos livre de tal.

Se tivermos consciência de que Deus é o absoluto, precisaremos também ter a coragem de aceitar isso com todas as consequências.

Todos nós rezamos, mas como é o nosso relacionamento com Deus? Dizemos acreditar em Deus, mas, temos realmente fome de Deus? Fazemos gestos parecidos com prática de caridade, mas amamos verdadeiramente as pessoas? E a nossa prática religiosa? Será que não depende demais dos nossos sentimentos? Quantas vezes por motivos banais colocamos Deus de lado, negando a verdadeira religião, na qual fomos batizados.

É preciso procurar aquilo que permanece, é preciso buscar o absoluto. “Buscai o Senhor enquanto pode ser achado; invocai-o enquanto está perto” (Is 55, 6). E só Deus é o absoluto.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

“A QUEM IREMOS?”

Jaime Sidônio


O Evangelho nos recorda que quando Jesus foi apresentado no Templo, o velho profeta Simeão inspirado pelo Espírito Santo profetizou a seu respeito: “Este menino vai ser causa de queda e reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição” (Lc 2,34). E, de fato, Jesus foi sinal de contradição! Para Maria, a Mãe de Jesus, isso traria grandes dores. Naquele mesmo momento da apresentação de Jesus, Simeão dirigindo-se a ela disse: “Uma espada traspassará tua alma...” (Lc 2,35). E assim aconteceu, pois, quando o coração de Jesus foi ferido pela espada do centurião, Maria que estava ali, ao pé da cruz, experimentou a mesma dor. Por que não poderia ter sido poupada? Esta é uma pergunta que, certamente, brota no coração e no pensamento de muitos. E o que diremos? Mistérios de Deus! Jesus também falou aos apóstolos anunciando seus sofrimentos, mostrando a necessidade de fazer o caminho para Jerusalém, onde esses sofrimentos se concretizariam, provocando até a censura de Pedro que disse: “Deus não permita tal coisa, Senhor. Que isso nunca te aconteça!” (Mt 16,22). Além disso, Jesus não escondia que eles também, os apóstolos, iriam sofrer muito.

A Eucaristia é sinal de contradição. Jesus, ao falar da Eucaristia, depois de dizer que Ele mesmo era o Pão da vida, afirmou: “Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele” (Jo 6,56). Verdadeira identificação. Comum união entre Jesus e aquele que come sua carne. Os santos padres referindo-se a essa união de Jesus com a pessoa, falavam de “concorpóreos e consangüíneos”.

A primeira transformação que acontece é esta: o pão passa a ser Cristo vivo. A segunda é: cada pessoa se identifica com Cristo. Ele em mim e eu nele. E Jesus afirma: “Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne entregue pela vida do mundo” (Jo 6,51).

Por que a Eucaristia é sinal de contradição? - O próprio Evangelho responde dizendo que depois de ouvirem o discurso de Jesus sobre o Pão da Vida, muitos discípulos se afastaram e não queriam mais andar com ele. E diziam: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” (Jo 6,60). Apesar disso, Jesus não retirou nenhuma palavra e reafirmou: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6,53).

Diante da atitude de muitos discípulos que decidiram abandoná-lo, Jesus dirigiu-se aos Doze e perguntou: “Vós também quereis ir embora?” Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6, 67-69).

Pedro e os demais apóstolos entenderam e nós também precisamos entender que o grande desafio é que Cristo, na comunhão, quer que sejamos como ele. “Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele” (Jo 6, 56). Se Cristo assim afirma, a quem iremos?

domingo, 30 de outubro de 2011

AVANÇA MAIS PARA O FUNDO!

Jaime Sidônio
(psjaime7@hotmail.com)


O Evangelho nos reporta ao primeiro encontro de Jesus com aqueles que depois seriam seus discípulos missionários, seus apóstolos. O encontro se dá à beira do mar da Galiléia, depois de uma noite de trabalho inútil, e uma pescaria sem êxito. Jesus subiu num dos barcos, o de Simão, e de lá ensinava às multidões. Depois disso, Jesus mandou que lançassem as redes mais para o fundo. Pedro criou certa resistência e falou para Jesus: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, pela tua palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5). E aconteceu o milagre. A pesca foi extraordinária. Tamanha foi a quantidade de peixes que as redes se rompiam. Ao final da experiência Jesus disse a Simão: “Não tenhas medo! De agora em diante serás pescador de homens!” (Lc 5,10). Depois de levarem as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus.

Anos depois, acontece uma cena parecida. Jesus havia ressuscitado, mas os discípulos não tinham ainda um programa de vida. Estavam como que perdidos... Para não ficarem “de bobeira”, Pedro tomou a iniciativa dizendo: “eu vou pescar”! E os outros aderindo à idéia, disseram: “vamos também contigo”, e o acompanharam.

Ao amanhecer, Jesus ressuscitado aparece. Haviam tentado a noite toda e não pescaram nada. Nenhum peixe sequer. O Ressuscitado entra em ação como havia feito anos antes, quando mal eles o conheciam. A orientação foi a mesma: “Avança mais para o fundo. Lançai a rede à direita do barco e achareis”. A pesca foi novamente maravilhosa.

Trata-se de um momento de intimidade. No mesmo lugar do primeiro encontro e em circunstâncias parecidas. Sentem, experimentam profundamente a presença de Jesus. O Filho de Deus providenciou pão e acendeu o fogo. Pediu um peixe para assar. Juntos fizeram uma refeição improvisada. Ninguém ousava perguntar; quem és tu? Experimentavam, porém, uma alegria incontida. O silêncio era preenchido pela presença de Jesus.

A Páscoa não é um dia, mas cada dia. E quando realmente a celebramos, vivemos a vida nova da presença de Cristo em nós. Sentimos sua presença suave e serena.

Cristo está presente, vivo e ressuscitado! E ele está a nos dizer: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo” (Ap 3,20). Abrimos a porta ou ficaremos privados de sua companhia.



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

ENSINA-NOS A REZAR.

Jaime Sidônio


A oração se constitui num fato marcante da vida de Jesus para os discípulos. Quantas vezes esses discípulos puderam contemplar Jesus em oração! Eles experimentaram isso de maneira muito forte. Todos sabiam que a primeira comunidade de Jesus, a comunidade dos apóstolos, era fruto da oração de Jesus. Antes da escolha dos doze, ele passou a noite em oração a Deus. Assim narra o Evangelho de São Lucas: “Naqueles dias, Jesus foi à montanha para orar. Passou a noite toda em oração a Deus. Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze entre eles, aos quais deu o nome de apóstolos” (Lc 6,12-13). Os Evangelhos também lembram que, muitas vezes, Jesus ia para a montanha ou se retirava a lugares solitários ou desertos a fim de rezar.

Essa experiência vivida e testemunhada por Jesus encantou os apóstolos. São Lucas diz que um dia, Jesus estava rezando em certo lugar. Quando terminou, um dos discípulos pediu: “Senhor, ensina-nos a rezar, como João também ensinou os discípulos dele”. Jesus passa, então a ensinar-lhes a oração do Pai nosso, dizendo que devem falar com Deus Pai como alguém com quem se fala e, não como uma idéia vaga e impessoal. Jesus ensina um novo jeito de se relacionar com Deus, mostrando que Ele não está distante de nós, mas bem perto, como um Deus com quem podemos conversar. Afinal, ele não é o Emanuel, o Deus-conosco? Assim o anjo o definiu no momento da anunciação. O encanto provocado pela oração de Jesus estava no fato de que a sua oração tinha vida, tinha alma! Era diferente das orações a que estavam acostumados. Cerimônias mortas e frias.

Pela encarnação de Jesus Cristo, Deus se fez um Deus humanamente presente, e começou a se relacionar de um jeito totalmente novo, diferente do modo como se manifestava no Antigo Testamento, entre trovões e relâmpagos. Assim, a oração do Pai Nosso traz a marca da novidade no relacionamento das pessoas com Deus, um relacionamento amoroso. O próprio nome com o qual Jesus chama Deus exige de nós um relacionamento novo, porque um relacionamento de amor: Pai!

O Pai Deus a quem Jesus se refere é um Deus intimamente presente, interessado na vida de cada um de nós. Pai meu, seu, nosso. Que maravilha! A expressão “Pai Nosso” nos lembra que Deus é comunhão. Ele dispensou seus títulos de Criador para ser nosso Pai, como é o Pai de Jesus Cristo e o Pai de todos os nossos irmãos. “Pai nosso, que estais nos céus, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu”. Assim nos colocamos confiantes sob o cuidado amoroso de Deus, o nosso Pai.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O CONVITE DE JESUS

Jaime Sidônio


Quando contemplamos a nossa realidade, não podemos deixar de sentir o que Jesus sentiu quando viu as multidões de seu tempo.

Quanta miséria humana! Quanto sofrimento, quantos problemas, quanta desilusão, quanta solidão, quanto amor negado! Infelizmente é esse ainda o quadro que se apresenta diante de nossos olhos. Conseqüência da falta de sensibilidade e da irresponsabilidade humanas.

“Vinde a mim todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso” (Mt 11, 28). Foi o convite amoroso de Jesus naquele tempo. Esse mesmo convite é feito a todos os sofredores de hoje.

É verdade que há problemas que não têm solução, há dor que nenhum remédio, nenhum analgésico cura. “Sede discípulos meus” ou “aprendei de mim” quer dizer: sejam pacientes como eu, aprendam a administrar as situações adversas. Quem melhor do que Jesus pode nos ensinar? Quando ele diz “sede discípulos meus”, parece querer dizer: eu passei por todas as situações de sofrimento para compreender toda a dor humana. E nesse sentido, todos nós cristãos, temos que ser peritos ou especialistas.

Jesus viveu na extrema pobreza, começando por nascer num estábulo. Durante seu ministério foi rejeitado e perseguido. Viveu intensamente o sofrimento na Paixão. É fácil celebrar a Paixão de Jesus na semana santa. Há toda uma mística própria que envolve esse acontecimento, mas será que conseguimos pensar na dor que ele realmente experimentou? Jesus sofreu por causa da falta de fé do povo diante dos milagres que realizava! Diz o Evangelho que ele até censurou as cidades onde realizou a maior parte de seus milagres, porque as pessoas ficaram insensíveis.

Quando falamos de solidão, não podemos esquecer que ninguém entende disso melhor do que Jesus Ele foi desprezado, sentiu o fracasso, foi abandonado. Experimentou o abandono até do Pai. “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27, 46). Se falarmos em negação do amor, lembremos que Jesus fala de experiência e ninguém tem mais autoridade do que ele nesse assunto. No sofrimento Jesus é bastante experimentado. O profeta Isaías até a ele se refere, falando de um “homem do sofrimento, experimentado na dor” (Is 53,3).

“Sede discípulos meus” é o convite de Jesus a ficarmos unidos a ele, de tal modo que, aos poucos, a sua amizade nos console e nos conforte em todas as nossas dores. Unidos a ele toda dor vai adquirindo sentido profundo. Precisamos dar sentido à dor, ao sofrimento, porque sofrer por sofrer não vale a pena. E quando o sofrimento tem sentido ele é uma riqueza para a nossa vida e para a vida dos outros. O apóstolo Paulo, grande referencial para a imitação de Cristo nesse sentido, assim nos ensina: “Alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós e completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo, em favor do seu Corpo que é a Igreja” (Cl 1, 24). Quando buscamos dar sentido ao sofrimento, a paz volta a nossa alma, muitas vezes conturbada.

É no sofrimento, na dor que nos parecemos mais com Jesus e foi também assim que ele quis parecer-se mais conosco. Foi por isso que ele sofreu. A vida de Jesus é a escola do sofrimento. “Sede discípulos meus”.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

REAVIVAR A CONSCIÊNCIA


Jaime Sidônio


       É preciso, pois, que nos dediquemos a busca de um conhecimento profundo da pessoa de Jesus, de sua vida e de sua missão, para que ele se torne, de verdade, o centro e a vida de nossa missão. Aliás, essa deve ser a nossa grande meta.

       Faz-se necessário também reavivar a consciência quanto à ação amorosa de Deus em nossa história. Não se pode esquecer os tantos sinais de amor, as inúmeras manifestações de graças, as incontáveis alegrias experimentadas! Mas por que não lembrar também as lutas, dificuldades, sofrimentos e dores experimentados ao longo da história? Afinal, não são todas situações existenciais que marcaram nossa caminhada?

       Diante de tudo isso, é necessário assumirmos uma atitude de gratidão. Gratidão porque Deus nos amou, nos acompanhou, cuidou de nós como mãe cuida do seu bebê, realizou e continua a realizar em nós coisas maravilhosas. “Fui eu que ensinei Efrain a andar, segurando-o pela mão. Eu o atraí com laços de bondade, com cordas de amor. Fazia com ele como quem levanta até seu rosto uma criança; para dar-lhe de comer, eu me abaixava até ele” (Os 11,3-4). “Pode a mãe se esquecer de seu nenê, pode ela deixar de ter amor pelo filho de suas entranhas? Ainda que ela se esqueça, eu não me esquecerei de você.” (Is 49,15). Temos muitas razões para não duvidar do amor de Deus.





domingo, 7 de agosto de 2011

A EXPERIÊNCIA DA DESCOBERTA

Jaime Sidônio


          Para viver uma perspectiva cristológica, faz-se necessário conhecer Jesus Cristo. Só conhecendo-o poderemos testemunhá -lo com ardor e apaixonadamente.

          Jesus, a certa altura de sua caminhada com os discípulos, lá em Cezaréia de Filipe, achou necessário perguntar-lhes: “E vocês, quem dizem que eu sou?” E, para sua alegria, Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 15-16). Para Jesus, era importante ver até que ponto os discípulos haviam conseguido fazer a experiência da descoberta e do encontro amoroso com ele.

          Do mesmo modo, é necessário que cada um de nós se faça uma pergunta parecida: “Quem é Jesus para mim?”. E oxalá tenhamos a mesma convicção de Pedro, pois, sem essa convicção, que nasce da descoberta e da experiência do encontro com Jesus, o Filho de Deus, como bem experimentou Paulo no caminho de Damasco, é impossível testemunha-lo. Porque testemunhar e anunciar Jesus Cristo exige conhece-lo e ter feito a experiência amorosa do encontro com Ele. Esse é o testemunho que nos dá o apóstolo João, como já tivemos a oportunidade de refletir em um outro momento: “Nossos olhos contemplaram e nossas mãos apalparam o Verbo da vida” (1 Jo 1,1). Para os apóstolos, Jesus era uma pessoa viva a aceitar e a fazer reviver na própria vida. Nesse sentido, vale citar a linda experiência de Paulo: “Já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20) e “Para mim o viver é Cristo” (Fl 1,21). Não deixou de ser gente. A presença do divino envolveu o humano.

domingo, 17 de julho de 2011

VIVER O AMOR


Jaime Sidônio


     A santidade consiste em assumir um comportamento responsável em relação ao próximo, libertando o coração de todo tipo de bloqueio, resistências e sentimentos negativos para tornar-se relação que é doação aos outros daquilo que mais desejamos para nós: o Amor.

     A essência da espiritualidade cristã é a experiência do amor nestas duas dimensões: a amizade com Deus e a amizade com as pessoas. Essas duas dimensões são inseparáveis, o amor divino e humano ao mesmo tempo. Vejamos o que diz o apóstolo João: “Se alguém diz: Eu amo a Deus”, e no entanto odeia o seu irmão, esse tal é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê.[...] quem ama a Deus ame também o seu irmão” (1Jo 4,20-21).

     À luz da Paixão, aprendemos que com certeza o caminho a ser feito em vista da santidade é empenhar-nos em viver o amor. Esse é o sentido último de nossa vida: amar e amar sempre.

domingo, 26 de junho de 2011

RELAÇÃO DE AMOR

Jaime Sidônio
(psjaime7@hotmail.com)


          O conceito de santidade sempre nos pareceu querer falar de uma realidade distante e quase inatingível. A própria maneira como quase sempre é apresentado parece desligada do seu real fundamento: o Amor.

          É lamentável que muitas vezes esqueçamos que a grande proposta de Deus é amar. “[...] ame a Javé seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma e com toda a sua força” (Dt 6,5). A esse princípio que é tarefa da vida, Jesus acrescenta: “Ame ao seu próximo como a si mesmo” (Mc 12,30-31). Assim ele apresenta a síntese de todo o seu ensinamento.

          Com isso, Jesus quis mostrar claramente que santidade é relação de amor. Portanto, vocação à santidade é vocação ao amor, o que significa que a proposta da vida cristã consiste em criar relação de amor com todos, à semelhança do próprio Deus. “Sejam santos, porque eu, Javé, o Deus de vocês, sou santo” (Lv 19,2). Deus nos ama, e nós correspondemos ao seu amor amando nossos irmãos. Jesus, que veio revelar o amor do Pai, assim diz: “Assim como meu Pai me amou, eu também amei vocês: permaneçam no meu amor [...] O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês” (Jo 15,9-12).



domingo, 29 de maio de 2011

A DESCOBERTA DA SOLIDÃO

Jaime Sidônio
(psjaime7@hotmail.com)


A solidão nos aproxima de Deus, nos envolve em seu amor, nos ajuda a perceber Sua vontade. Além disso, nos dá clareza de visão e sensibilidade para perceber e acolher os apelos dos irmãos e das irmãs, abrindo-nos e impulsionando-nos a atitudes concretas de solidariedade e fraternidade.

É exatamente essa descoberta que anima nossa esperança na busca do absoluto e suscita em nós a alegria e o gosto de Deus, pois, dizia o contestado místico Meister Eckhart: “Estar vazio de toda criatura é estar cheio de Deus. E estar cheio de toda criatura é estar vazio de Deus”.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

AMOR PARTILHADO

Jaime Sidônio


Os evangelhos nos sugerem um mundo de pensamentos sobre muitas coisas que estão profundamente ligadas a cada um de nós. Jesus, ao falar de si mesmo, dá-nos a oportunidade de também falarmos de nós.

Quando lemos o Evangelho de São João, contemplamos no capítulo 17 aquela linda oração conhecida como a Oração Sacerdotal de Jesus. Ali ele faz uma afirmação sobre sua própria pessoa que nos pode ajudar a ter uma visão mais real e uma compreensão mais profunda de santidade. Eis a afirmação de Jesus: “Em favor deles eu me consagro, a fim de que também eles sejam consagrados com a verdade” (Jo 17,19).

Para Jesus, consagrar-se é santificar-se, e santificando-se ele dá testemunho de que não se pertence mais, pertence sim ao Pai e àqueles a quem veio servir. É Deus quem nos consagra, reserva para Ele. “[...] não procuro fazer a minha vontade, e sim a vontade daquele que me enviou” (Jo 5,30). “Eu, porém, estou no meio de vocês como quem está servindo.” (Lc 22,27).

Unidade como expressão de amor partilhado é caminho da santidade. “Que todos sejam um” (Jô 17,21). “[...] o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir, e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos” (Mt 20,28). Aliás, como já me referi anteriormente, a vocação e missão de Jesus consistem em ter sido enviado pela Trindade a fim de realizar a vontade do Pai, em estado de obediência, sob a ação do Espírito Santo, servindo aos homens e mulheres, seus irmãos e irmãs. Tudo se realiza, pois, numa relação de amor com Deus e com as pessoas. Relação de amor que vai até as últimas conseqüências. “Ele, que tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).

Nas últimas horas da vida de Jesus, o único valor que se realizava e crescia nele era o amor ao Pai e às pessoas. Dupla expressão de amor: a Deus pela fidelidade ao seu Projeto, às pessoas pelo gesto redentivo que implicava na doação da própria vida. “Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13)

segunda-feira, 21 de março de 2011

A EXPERIÊNCIA DO LIMITE

Jaime Sidônio
(psjaime7@hotmail.com)


A nossa experiência mística vai acontecendo na medida em que nossa conversão se intensifica.

A experiência do pecado é profundamente humana, mas também pode ser profundamente humanizante, porque leva a valorizar mais a vida. Afinal, não foi isso que aconteceu com o filho pródigo do Evangelho? A experiência da fragilidade, do limite e mesmo do pecado pode levar-nos à verdade, ao profundo da nossa realidade, servindo assim para redirecionar nossa vida e nos libertar da superficialidade, pois onde há superficialidade não se pode haver mística. A mística gera em nós aquilo que há de mais bonito na vida humana e cristã: ternura, esperança, alegria, partilha, fidelidade, misericórdia, criatividade. É mesmo a irrupção de Deus dentro da vida humana.

A solidão é uma experiência humana que nos mostra que aqui nada nos satisfaz plenamente. Só Deus, o absoluto. Aqui tudo é relativo. As coisas da terra não podem satisfazer nosso anseio pela infinito. Mas a solidão é também uma experiência mística. Na solidão nos esvaziamos de tudo o que é relativo para sermos possuídos pelo absoluto, por Deus, sua vontade, seu projeto.

“Pensem nas coisas do alto...” (Cl 3,2): é o apelo que nos faz o apóstolo Paulo. Somos do céu, do alto: filhos e filhas amados de Deus, mas também somos da terra e, muitas vezes, isso nos impede de progredir no caminho da mística, do bem, como o jovem rico do Evangelho que preferiu seu dinheiro a seguir Jesus.

O místico, diferente do que podemos pensar, não é um alienado, mas alguém que mergulha na história, na realidade, do jeito que Jesus foi: no meio das multidões, sempre atento aos apelos de todos que o cercavam e seguiam, mas, ao mesmo tempo, em profunda e íntima sintonia com o Pai.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A MÍSTICA DA REVELAÇÃO

Jaime Sidônio
(psjaime7@hotmail.com)


A grande experiência mística se realiza no encontro com Jesus, que veio revelar o rosto do Pai. Essa foi a experiência não de uma doutrina, mas do encontro com uma pessoa viva e real. Os apóstolos e todos que com ele se encontraram experimentaram seu amor, seu carinho, sua ternura. Fizeram uma experiência real. “Aquilo que existia desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam: - falamos da Palavra, que é a Vida” (1Jo 1,1). Ouvir, ver, tocar, é experiência real, sensível. “E a Palavra se fez homem e habitou entre nós” (Jo 1, 14).

A experiência mística de Jesus com o Pai foi uma experiência linda. Jesus se sentia possuído pela força e pelo amor do Pai. “O Pai e eu somos um” (Jo 10,30). “Eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14, 10). “[...] para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti” (Jo 17,21). Na força de Deus se vence o medo. Aí está o segredo da coragem de Jesus. Por causa de sua experiência mística com o Pai, Jesus tornou-se um apaixonado pela vida. “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10). E sabemos que não há mística sem paixão pela vida. O grande ideal de Deus, a Sua meta é a vida. “Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13). Em Jesus, Deus deu a vida por amor. “Ele, que tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).

domingo, 6 de fevereiro de 2011

EXPERIÊNCIA MÍSTICA

Jaime Sidônio
(psjaime7@hotmail.com)


A experiência profunda de oração cultivada em nossa vida deve ser o caminho que nos conduz a uma experiência mística, entendendo-a como experiência existencial que mexe com todo o nosso ser, já que mística quer dizer: irrupção de Deus dentro da vida humana.

Para fazer essa experiência é necessário entregar-nos confiantes ao amor e à misericórdia do Pai, deixar-nos envolver por ele; é necessário colocar-nos nas mãos de Deus como o barro nas mãos do artesão. “Como barro nas mãos do oleiro, assim estão vocês em minhas mãos, ó casa de Israel” (Jr 18,6). É necessário tornar-se como a criança que cheia de confiança, lança-se nos braços do pai. “[...] se vocês não se converterem, é não se tornarem como crianças, voes nunca entrarão no Reino do Céu”. (Mt 18,3). Essa experiência mística é uma necessidade para cada um de nós, pois, sem ela, nossa vida interior desfalece. Quanto a isso se aplica o pensamento de Karl Rhaner, um dos grandes teólogos deste século: “Os cristãos de hoje e do futuro, ou serão místicos, ou desaparecerão... não serão nada”.

A Bíblia contém a narrativa da experiência mística de um povo com o seu Deus. A história da salvação que ali encontramos é a história da manifestação de Deus, da irrupção de Deus na vida das pessoas. É Deus descendo para se aproximar de nós e nos perseguindo com seu amor. É Deus nos cercando para não fugirmos d’Ele.

Os grandes personagens do Antigo Testamento não foram doutores em Filosofia e Teologia, foram místicos. Pessoas que se sentiram procuradas por Deus, invadidas pela sua presença, pessoas que se sentiram amadas por Ele.

domingo, 16 de janeiro de 2011

EXPERIÊNCIA DE ENCANTAMENTO

Jaime Sidônio
(psjaime7@hotmail.com)


O contato com as pessoas concretas permitiu a Jesus um aprendizado para discernir a presença do Pai. Toda a sua vida foi como um grande e único momento de oração, no sentido de que ela vivia constantemente em sintonia com o Pai, o que mostra sua oração como um estado de espírito.

Jesus, como mestre de oração, ensina-nos a rezar com o exemplo e com a palavra, pois sua palavra correspondia perfeita e plenamente àquilo que ele fazia. Sua prática era a explicitação das palavras. Assim mostrou como se faz a verdadeira síntese entre oração e vida, contemplação e ação.

Jesus tinha seu jeito próprio de rezar. Os discípulos observavam como ele rezava e a coerência de vida que ele manifestava. Assim ele ia revelando aos discípulos o seu mistério interior.

Para os discípulos, essa foi uma experiência de encantamento tal, que eles resolveram pedir a Jesus que os ensinasse a orar. E o Pai-nosso foi a resposta explícita de Jesus ao desejo dos discípulos. Com essa oração, Jesus quis ensinar aos seus que, além do conteúdo, o importante é o espírito que os discípulos devem ter na oração. Eles devem sentir-se sempre como filhos e filhas, muito queridos nos braços do Pai.

Pela oração, que deve ser incessante, conforme o ensinamento de Jesus e também conforme encontramos nos escritos paulinos, nós vamos discernindo a vontade de Deus, a exemplo de Jesus. A oração vai transformando a vida dos discípulos e discípulas até cada um atingir a maturidade de Jesus e poder afirmar como Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

domingo, 26 de dezembro de 2010

ORAÇÃO: POSTURA DE VIDA



Jaime Sidônio
(psjaime7@hotmail.com)


Jesus, o grande orante, é o ponto de partida, o modelo, o mestre da oração. É bom lembrar que a oração para ele não era uma prática legalista e fria, mas uma experiência profundamente afetiva. Sentia-se sempre no colo do Pai, experimentando seu abraço e seu carinho. Jesus rezava chamando Deus de Pai-Abbá, meu paizinho querido.

Esse sentimento e essa convicção são importantes também para a nossa oração. É preciso sentir-nos amados e, ao mesmo tempo, amantes, numa relação semelhante à de Jesus com o Pai. Mas a oração de Jesus não era desligada da vida, da realidade. Ao contrário, caracterizava-se como postura de vida, uma maneira de encarar as pessoas e os acontecimentos. Muitas vezes, a oração fluía da própria realidade, expressando o seu encantamento com a ação amorosa de Deus acontecendo na vida das pessoas, sobretudo dos pobres e pequenos: “Eu te louvo, Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado” (Lc 10,21).

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

RAÍZES DA EXISTÊNCIA


Jaime Sidônio
(psjaime7@hotmail.com)


          A experiência do seguimento de Jesus Cristo se fortalece na medida em que cultivamos a intimidade com o Pai. E uma das maneiras de viver essa intimidade é a oração. É ela que alimenta, que sustenta a caminhada. E o que é a oração? É uma atitude básica de todo ser humano, porque, por ela, atingem-se as raízes da própria existência.
          Se sentir Jesus significa tornar-se imitador dele e se, no seguimento, é a oração que sustenta a caminhada, temos que entrar na escola de oração do próprio Jesus para aprender a rezar com ele, fazendo da oração dele o modelo para a nossa oração.
          Para imitar Jesus na sua oração é necessário nos deixarmos amar por Deus, nos colocarmos em seu colo para receber carinho, nos envolvermos em sua misericórdia, sem bloqueios, sem resistências, livres..., sentindo-nos filhas e filhos muito amados de Deus Pai. Jesus sentia-se sempre o Filho amado do Pai. E tal era a intimidade e a comunhão que se realizavam entre Ele e o Pai, a ponto de, segundo o próprio Jesus, os dois se confundirem. “O Pai e eu somos um” (Jo 10, 30).

domingo, 14 de novembro de 2010

LUZ DO MUNDO



Jaime Sidônio
(psjaime7@hotmail.com)


A história nos fala e nos recorda a época do iluminismo. O homem pretensiosamente julgava-se o máximo, superior a tudo e a todos. A inteligência era endeusada e a razão adorada. O homem com sua arrogância e auto-suficiência, mas ao mesmo tempo, com sua ingenuidade pensando poder colocar-se acima do Criador, rejeitava a luz. São João, no início do seu Evangelho, nos lembra que João Batista veio para dar testemunha da luz e se referia a Cristo como a luz verdadeira que estava chegando ao mundo (cf Jo 1, 7-9). Os homens, porém, preferiram as trevas à luz.

Os regimes plenipotenciários que conhecemos não fogem desse esquema e afirmam: nós somos o poder! Quanto aos outros, que se danem! Como diz o ditado: “Quem for fraco que se quebre!” Do mesmo modo agem os regimes econômicos e tantos outros.

Já o regime de Cristo é bem diferente desses, pois o dele é o do amor e da valorização das pessoas como filhos e filhas amados de Deus. Deus ama a todos e a cada um com um amor único, irrepetível e incondicional.

O mundo de hoje continua a preferir as trevas à luz. Quanto menos iluminado, melhor. Quanto mais escuro, melhor ainda. “O que pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas” (Jo 3, 20). É isso mesmo! Os que são das trevas odeiam a luz.

Apesar disso, Jesus afirma: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não caminha nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8, 12).

Mais de uma vez São João fala da luz que Cristo veio trazer na vida dele e de todos que querem experimentar essa luz. A primeira obra de Deus é a luz: “Faça-se a luz”! E a luz se fez (Gn 1, 3). É a luz, portanto, dom de Deus, ou melhor, Deus mesmo é a luz conforme afirma São João: “Deus é luz e nele não há trevas” (1Jo 1,5). Nascer é “vir à luz”. Assim, viver é estar na luz! “Quem pratica a verdade se aproxima da luz, para que suas ações sejam manifestadas, já que são praticadas em Deus” (Jo 3, 21). Cada dia é, pois, um novo começo da criação.

Somos discípulos de Cristo, por isso, não estamos nas trevas, nos lembra o apóstolo Paulo. “Vós todos sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas” (1Ts 5, 5). Eis porque Jesus nos adverte: “Vós sois a luz do mundo! Brilhe a vossa luz diante das pessoas” (Mt 5, 14). Esse é o grande testemunho que todo discípulo missionário é chamado a oferecer ao mundo, pois Jesus diz: “Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16).

terça-feira, 26 de outubro de 2010

CORAÇÃO ABERTO



Jaime Sidônio
(psjaime7@hotmail.com)


É preciso termos o coração aberto, estarmos desarmados, sem preconceito e sem resistências para podermos acolher a presença de Jesus e ouvi-lo dizer, como Zaqueu ouviu: “Hoje a salvação entrou neste casa” (Lc 19,9). A salvação é dom gratuito, é graça, é favor de Deus, é sinal do seu amor que transborda e se derrama sobre nós; é vida em sentido pleno; é ressurreição; é vida repleta do Espírito de Deus. Em Jesus, todos encontramos a realização da salvação prometida por Deus. É nele que Deus nos oferece esse dom.

A experiência da salvação na vida nos faz sentir grande paz e muita alegria. A salvação é, na realidade, um renascer, um reencontrar e um ressuscitar. Quando o pai da parábola acolheu o filho que voltou, ele organizou uma festa para celebrar a volta, dizendo: “Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado” (Lc 15, 23-24).

Essa experiência desperta em nosso íntimo energias novas, faz-nos sonhar de novo, conduz-nos ao reencontro do sentido da vida, renovando a esperança e impulsionando ao compromisso.

Sentimo-nos acolhidos, valorizados, amados por Jesus, aquele que salva, que é o nosso Salvador. Sentimos grande alegria e profunda gratidão por sermos destinatários da salvação que Jesus veio trazer, pois “[...] Deus amou de tal forma o mundo, que entregou seu Filho único [...] não para condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo por meio dele” (Jo 3,16-17).