segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O CONVITE DE JESUS

Jaime Sidônio


Quando contemplamos a nossa realidade, não podemos deixar de sentir o que Jesus sentiu quando viu as multidões de seu tempo.

Quanta miséria humana! Quanto sofrimento, quantos problemas, quanta desilusão, quanta solidão, quanto amor negado! Infelizmente é esse ainda o quadro que se apresenta diante de nossos olhos. Conseqüência da falta de sensibilidade e da irresponsabilidade humanas.

“Vinde a mim todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso” (Mt 11, 28). Foi o convite amoroso de Jesus naquele tempo. Esse mesmo convite é feito a todos os sofredores de hoje.

É verdade que há problemas que não têm solução, há dor que nenhum remédio, nenhum analgésico cura. “Sede discípulos meus” ou “aprendei de mim” quer dizer: sejam pacientes como eu, aprendam a administrar as situações adversas. Quem melhor do que Jesus pode nos ensinar? Quando ele diz “sede discípulos meus”, parece querer dizer: eu passei por todas as situações de sofrimento para compreender toda a dor humana. E nesse sentido, todos nós cristãos, temos que ser peritos ou especialistas.

Jesus viveu na extrema pobreza, começando por nascer num estábulo. Durante seu ministério foi rejeitado e perseguido. Viveu intensamente o sofrimento na Paixão. É fácil celebrar a Paixão de Jesus na semana santa. Há toda uma mística própria que envolve esse acontecimento, mas será que conseguimos pensar na dor que ele realmente experimentou? Jesus sofreu por causa da falta de fé do povo diante dos milagres que realizava! Diz o Evangelho que ele até censurou as cidades onde realizou a maior parte de seus milagres, porque as pessoas ficaram insensíveis.

Quando falamos de solidão, não podemos esquecer que ninguém entende disso melhor do que Jesus Ele foi desprezado, sentiu o fracasso, foi abandonado. Experimentou o abandono até do Pai. “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27, 46). Se falarmos em negação do amor, lembremos que Jesus fala de experiência e ninguém tem mais autoridade do que ele nesse assunto. No sofrimento Jesus é bastante experimentado. O profeta Isaías até a ele se refere, falando de um “homem do sofrimento, experimentado na dor” (Is 53,3).

“Sede discípulos meus” é o convite de Jesus a ficarmos unidos a ele, de tal modo que, aos poucos, a sua amizade nos console e nos conforte em todas as nossas dores. Unidos a ele toda dor vai adquirindo sentido profundo. Precisamos dar sentido à dor, ao sofrimento, porque sofrer por sofrer não vale a pena. E quando o sofrimento tem sentido ele é uma riqueza para a nossa vida e para a vida dos outros. O apóstolo Paulo, grande referencial para a imitação de Cristo nesse sentido, assim nos ensina: “Alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós e completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo, em favor do seu Corpo que é a Igreja” (Cl 1, 24). Quando buscamos dar sentido ao sofrimento, a paz volta a nossa alma, muitas vezes conturbada.

É no sofrimento, na dor que nos parecemos mais com Jesus e foi também assim que ele quis parecer-se mais conosco. Foi por isso que ele sofreu. A vida de Jesus é a escola do sofrimento. “Sede discípulos meus”.