Jaime Sidônio
Os evangelhos nos sugerem um mundo de pensamentos sobre muitas coisas que estão profundamente ligadas a cada um de nós. Jesus, ao falar de si mesmo, dá-nos a oportunidade de também falarmos de nós.
Quando lemos o Evangelho de São João, contemplamos no capítulo 17 aquela linda oração conhecida como a Oração Sacerdotal de Jesus. Ali ele faz uma afirmação sobre sua própria pessoa que nos pode ajudar a ter uma visão mais real e uma compreensão mais profunda de santidade. Eis a afirmação de Jesus: “Em favor deles eu me consagro, a fim de que também eles sejam consagrados com a verdade” (Jo 17,19).
Para Jesus, consagrar-se é santificar-se, e santificando-se ele dá testemunho de que não se pertence mais, pertence sim ao Pai e àqueles a quem veio servir. É Deus quem nos consagra, reserva para Ele. “[...] não procuro fazer a minha vontade, e sim a vontade daquele que me enviou” (Jo 5,30). “Eu, porém, estou no meio de vocês como quem está servindo.” (Lc 22,27).
Unidade como expressão de amor partilhado é caminho da santidade. “Que todos sejam um” (Jô 17,21). “[...] o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir, e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos” (Mt 20,28). Aliás, como já me referi anteriormente, a vocação e missão de Jesus consistem em ter sido enviado pela Trindade a fim de realizar a vontade do Pai, em estado de obediência, sob a ação do Espírito Santo, servindo aos homens e mulheres, seus irmãos e irmãs. Tudo se realiza, pois, numa relação de amor com Deus e com as pessoas. Relação de amor que vai até as últimas conseqüências. “Ele, que tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).
Nas últimas horas da vida de Jesus, o único valor que se realizava e crescia nele era o amor ao Pai e às pessoas. Dupla expressão de amor: a Deus pela fidelidade ao seu Projeto, às pessoas pelo gesto redentivo que implicava na doação da própria vida. “Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13)