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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

ASAS DO TEMPO, O TEMPO URGE


Lila Costa


          Para nós parece que foi ontem, mas já faz 01 ano. Um ano de saudade, de ausência, de lembranças. Mesmo tendo curtido muitos momentos juntos, sempre fica algo que não foi dito, deixamos para depois, pois consciente ou inconscientemente achamos que temos muito tempo pela frente. O nosso tempo é muito curto, ele voa, é o aqui e o agora, passou perdemos a chance. O outro momento, é outro momento, com as suas novidades e vamos vivendo aquele turbilhão.

          Aí vem o tempo e dá aquela parada e não dá mais tempo para nada e não temos mais tempo presente nem futuro, só passado, aí nos lembramos do quanto deixamos de fazer, de falar e de ser. Por mais que tenhamos feito, dito ou sido, tínhamos muito mais.

          Viver é um constante aprendizado, então aproveitemos todos os acontecimentos bons ou ruins e procuremos ser melhores a partir deles.

          É provável que nunca vamos fazer o bastante, por que quando queremos bem, o melhor nunca é o suficiente. E quando perdemos o nosso bem querer aí é que parece insignificante tudo o que fizemos.

          Então como dizia o poeta vivamos como se não houvesse amanhã. Vivamos intensamente hoje, se houver amanhã aproveitaremos novamente, porque quando as saudades chegarem, os sofrimentos serão menores, pois as lembranças boas são maiores do que as ruins e as nossas saudades doerão menos.

          É bom termos sempre em mente, que tudo passa muito rápido, o tempo urge, o tempo voa. Então vivamos cada dia como se fosse o último, de preferência da melhor forma, fazendo o bem e nos amando uns aos outros, sem levar em consideração os defeitos, pois estes todos os temos. Assim valorizemos as virtudes pois são estas que prevalecem quando a saudade se torna presente.

          Esta é a lição que tiramos com a falta que Heber nos faz.


domingo, 10 de abril de 2011

ESTÁ FALTANDO UM PEDAÇO EM NOSSAS VIDAS


Lila Costa
suelytelma@uol.com.br


Não sei como começar a falar sobre um irmão tão querido como Heber. Irmão que não era só nosso de sangue, Heber se fazia irmão de todos aqueles que se aproximavam dele. Independentemente de classe social e nível intelectual, Heber chegava perto, os entendendo e se fazendo entender.

Mesmo morando longe Heber estava sempre presente em nossas vidas, em nossa casa. Preocupava-se com todos e com cada um de nós em particular. Comunicava-se conosco por telefone e por e-mail diariamente, muitas vezes mais de uma vez.

O período de sua doença, nos ajudou e a mim em especial a aproveitar o máximo do convívio, a não perder nenhum momento perto dele. Heber dizia, saia um pouco, você precisa se distrair e disse-lhe muitas vezes: vim para cuidar de você e lhe fazer companhia. Ainda fomos a São Paulo para a reunião de fim do semestre com o seu grupo, do Pós-Doutorado que estava fazendo na PUC: professora Terezinha Bernardo e colegas, estes, dos mais variados estados do Brasil . Cansado, franco, conseguiu ir, fez o que queria, eu não podia deixar de apoiá-lo.

Sei que está sendo difícil não só para nós seus familiares não tê-lo mais conosco, mas para os seus amigos, alunos, colegas de trabalho, vizinhos, funcionários do prédio onde morava. Em cada cidade por onde passou, do Recôncavo ao Sertão da Bahia, estado que adotou como seu, nos últimos 10 anos, Heber fez amigos, conquistou pessoas com o seu jeito muito peculiar de ser. Identificou-se perfeitamente com a Bahia, em especial com Salvador, local que continha muito do seu objeto de pesquisa . E muitas vezes disse brincando: daqui só saiu para Paris, cidade onde morou algumas vezes em férias, quando estudava em Roma. Quando saiu de Aracaju rumo a Salvador, deixou lá amigos tão queridos, que se tornaram irmãos. Em todos os lugares por onde passou ao longo de sua caminhada, no Brasil e fora dele, conquistou pessoas e fez grande amigos.

Heber era uma pessoa extremamente caridosa, em Salvador e em outras cidades da Bahia as pessoas vinham sempre lhe fazer pedidos dos mais variados tipos: empregos para maridos, filhos, exames, consultas médicas, cirurgias, livros, bolsas de estudos, aposentadorias, etc., etc., Heber era muito bem relacionado e nunca deixava ninguém sem o devido pedido atendido. Às vezes comentava comigo veja só, parece até que quem é o baiano sou eu. Tem um amigo de Cachoeira, um poeta que dizia: Sebastião precisamos fazer uma associação chamada PEBA – Pernambuco e Bahia. Heber era assim, viveu para servir.

Heber tinha uma característica ímpar, ele sabia partilhar e interligar os amigos, não era egoísta, a sua rede de amigos é enorme. Fez uma intercessão dos seus amigos conosco, seus familiares, fazendo assim uma grande rede de amizade, uma grande família. Prova disso tem sido a infinidade de telefonemas que temos recebido do Brasil e do exterior. Telefonemas emocionados, cheios de muito amor, dor e pesar. Os e-mails e as mensagens no seu celular são incontáveis. Tudo isso tem servido para atenuar o nosso sofrer, pois sabemos que o que ele semeou, está dando bons e abundantes frutos.

O seu legado intelectual não se perderá no tempo, preocupado com a cultura, escreveu vários livros, 7 ao todo. O seu mais recente projeto, que é objeto do seu trabalho, relatório e que cumiraria na publicação de um livro, do Pós-Doutorado, A CASA DO SAMBA DE RODA DE D. DALVA, em Cachoeira. É uma espécie de museu, onde estão expostas, roupas usadas pelas baianas nas apresentações do Samba de Roda, muitas fotografias, com políticos, governadores, Presidente da República, artistas do Brasil inteiro, turistas, estudantes e o público em geral, instrumentos musicais e até uma loginha. Samba de Roda manifestação folclórica, de matriz africana com mais de 50 anos de fundado, formado por senhoras trabalhadoras na extinta indústria fumageira, que nos intervalos do almoço se reuniam dançavam em círculo e cantavam se refazendo para a segunda jornada de trabalho. Heber envidou esforços no sentido de conseguir junto a Prefeitura, muitos políticos, IPHAN e Secretaria de Cultura, para adquirir um imóvel onde pudesse ser implantando o museu/casa para abrigar todo o rico acervo de propriedade de D. Dalva, 82 anos, fundadora do citado samba. Empreitada sem êxito. Nada disso fez Heber desisti r do seu intento, alugou uma casa, pagando do seu próprio bolso, no centro de Cachoeira, na rua principal, local onde todos que chegam a cidade tem acesso, assim em 22/11/2009 inaugurou a CASA DO SAMBA DE RODA DE DALVA, uma grande festa. É claro que Heber continuou tentando, junto principalmente aos políticos. Aproveitou o período eleitoral, momento propício para se conseguir ajudas. Quando ainda estávamos em Salvador, durante a doença de Heber, um deputado estadual que por sinal não foi re-eleito, atendendo a uma solicitação de Heber, encaminhou-lhe correspondência onde solicitava a documentação da Casa do Samba de Roda, para dar entrada ... utilidade pública. Heber imediatamente se comunicou com a neta de D. Dalva, Anny para providenciasse o mais rápido possível a citada documentação. Não sei quais foram as providencias tomadas por Anny, jovem formada em administração de empresas e que provavelmente dará continuidade ao importante projeto para a cultura não só de Cachoeira, como da Bahia. Agora Heber não está mais aqui para dar continuidade, espero que os órgãos e as pessoas ligadas a cultura se sensibilizem e não deixem morrer tão bonito e rico projeto.

Heber era também sinônimo de alegria, festa, passeios e viagens e visitas aos amigos, quando chegava lá em casa para passar as férias já providenciávamos o roteiro turístico. Sílvio pergunta e agora como vai ser sem Heber? Aprendemos muito com ele e vamos tentar levar a vida como se ele estivesse conosco.

Maria Beatriz nossa sobrinha neta e sua afilhada, perguntou a Lourena sua mãe: mainha tio Heber agora virou uma estrela, por que ele é padre não é? Lourena lhe respondeu: não querida, é porque tio Heber era uma pessoa muito boa e Maria Beatriz disse: então ele vai ser a estrela que vai brilhar mais no céu. Quero que fique logo escuro para a gente ir para varanda e tio Heber poder ver a gente.

Assim ficamos nós, sem Heber fisicamente, mas plenos dele em nossa e olhando para o céu esperando que ele nos veja!


Obs: Imagem enviada pela autora.




domingo, 6 de março de 2011

DEUS ESTÁ PRECISANDO DE BONS PROFESSORES NO CÉU!

Lila Costa
suelytelma@uol.com.br


Muitos de nós que tivemos o privilégio de estudar com D. Erundina, sabemos quão excelente professora ela foi. Fazia o que amava, logo da melhor forma. Sempre digo: todos os que passaram por suas mãos renderam, venceram na vida.

No inicio do ano letivo de 1955, a escolinha não estava pronta ainda. D. Dalva a minha primeira professora dava aula, lá em cima, na casa onde morou inicialmente, “seu” Manuel Luiz, o chamávamos, compadre Manuel Luiz, pois era padrinho de Sanclair, meu irmão caçula, e mamãe madrinha de Maria Augusta sua primeira filha, de Socorrinho, Marne, Betânia e acho que de Expedito também, seus filhos. “Seu” Eugênio Wanderley, grande amigo de papai e por último, antes de saímos de São Bento, “Seu” Pedro Vieira, compadre Pedro, como sempre o chamamos, pois Maria Luiza, sua filha, é afilhada de mamãe.

Fiz com D. Erundina o curso primário, hoje fundamental, muito bom. Lembro das sabatinas de tabuada e verbo, até hoje não faço vergonha nestes dois itens. Tinha um “flip Chart” onde D. Erundina colocava cenas do dia a dia, para que fizéssemos descrição, para daí começarmos a fazer redação, pois no exame de admissão iríamos ter redação na prova de português.

Lembro até hoje de uma história que D. Erundina leu para nós, em um daqueles dias chuvosos, quando tínhamos que ficar dentro da sala de aula. Lá fora o receio seria impossível. A história intitulada TIQUINHO DE CARVÃO, dos Irmãos Grimm, foi tirada da coleção O Mundo da Criança.Pois D. Erundina tinha um material didático muito rico. Nunca mais a esqueci. A uns três anos fiz um curso de Contador de História, na Fundação Gilberto Freire e foi-nos dada a tarefa de trazer impressa uma história infantil que havia nos marcado, trouxe Tiquinho de Carvão e por coincidência, outra colega também. Achei muito engraçado, pois não é das histórias infantis famosas, tradicionais. Quando falo da minha professora do primário, comento que D. Erundina era uma profissional extremamente qualificada, para a sua época. Estudei com D. Erundina de maio de 1955, quando foi inaugurada a escolinha, até outubro de 1962, quando saí para fazer o exame de admissão em Moreno, no colégio das freiras, cidade onde nasci. Assim era chamada a nossa escola primária. A escola grande, era onde se ministrava o ginásio e o curso de técnico agrícola. A Escolinha, serviu de palco para as nossas brincadeiras, nos fins de tarde e nas férias, pois morávamos em frente.

D. Erundina puxava por nós, estimulava-nos a sermos sempre os melhores. Na nossa sala tinha um jardinzinho, que cuidávamos, o filtro de barro, dentro da nossa sala, nós lavávamos, era tarefa de confiança. Era sempre destacada uma dupla, diariamente, para ir a sua casa, buscar o leite, do Programa, Aliança para o Progresso, que era servido no receio. Todas as tarefas eram partilhadas por todos. Tinha também o dia de lavarmos as bancas da escola, não lembro bem o período, mas acho que era no início do ano, antes de começarem as aulas. Na nossa turma éramos umas 10 meninas e dois meninos: Leonardo filho de “seu” Joãozinho da cozinha e Oscar filho de professor Santa Cruz. D. Erundina era tão cuidadosa que nos dava aula de formação, no dia das meninas os meninos saíam mais cedo e vice-versa.

Quem não conheceu, o grande professor de matemática? Muitas vezes temido, porém sempre admirado. Sei de uma proeza sua. Encontrei em um supermercado, perto lá de casa em Olinda, dois, já senhores, ex- alunos seus, um engenheiro eletricista, ex-funcionário da CHESF, aposentado e o outro ex-funcionário do extinto BANDEPE e do IPA, aposentando também. Um deles eu lembrava de quando estudou em São Bento, se não me engano seu nome é José Luiz Albuquerque, é filho de Arcoverde, o outro não gravei o nome. É claro, não lembravam de mim. Todavia lembravam de papai, com saudade. Mas o primeiro nos contou que certo dia em uma prova de matemática não conseguiu tirar o nove ou dez de praxe. Na hora dos comentários das provas, professor Santa Cruz o chamou lá na frente e perguntou o que estava acontecendo, pois a sua nota, não tinha sido boa, como sempre? O rapaz meio encabulado disse-lhe: que estava com problemas em casa, então professor Santa Cruz submeteu a idéia que teve, de lhe dar uma nova chance, os colegas foram unânimes em concordar e naquele mesmo momento fez uma prova oral com o rapaz e este obteve a nota máxima, o dez costumeiro. São Bento sempre nos remete a lindas e boas histórias.

Tenho certeza, muitos dos que estão aqui presente também tem as suas ricas e lindas histórias, da nossa querida e saudosa professora, D. Erundina, e de São Bento, que são indissociáveis. O nosso inesquecível “SANGRILÁ” . Em 1991, fiz um curso de inglês no Conselho Britânico, lá em Boa Viagem. Um dia recebemos a incumbência de que contar uma história sobre a infância, então falei sobre a nossa em São Bento, os colegas ficaram encantados e todos queriam que eu organizasse um passeio para lá, pois queriam ir conhecer.

Falar em D. Erundina nos faz lembrar do seu amado, “seu” Juvino, amigo particular de papai. Nosso vizinho, moramos parede de meia, naquela casa intitulada “SUBESTAÇÃO ESPERIMENTAL DE CANA”. Disponível, prestativo, no meu primeiro ano de faculdade, “seu” Juvino vinha nos trazer todos os dias para a faculdade em Recife, Laura, sua filha, minha querida amiga de infância e eu. Passamos um ano nesta peleja, no ano seguinte em fevereiro nos mudamos para Recife, precisamente, 11/02/1971. Laura sempre disponível também, nos acompanhou na mudança e foi uma mão na roda nos ajudando a arrumar a casa, chegamos de manhã, no fim da tarde já estava tudo nos seus devidos lugares.

Faço-me presente através destas palavras, pois me encontro agora em Salvador, cuidados dos assuntos burocráticos, que dizem respeito a Sebastião Heber, meu irmão mais velho, padre e também professor, que foi chamado a casa do pai, na viTrada do ano, zero hora de 01/01/2011. Acho que Deus vai criar uma escola nova, pois ultimamente tem chegado bons professores por lá.

Laura, Guga, Sulinha, que Deus lhes dê força e fé para superar mais uma perda.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

AO MESTRE COM CARINHO


Lila Costa
suelytelma@uol.com.br


UM MESTRE NÃO MORRE, FICA NO CORAÇÃO E NA MENTE DAQUELES QUE O ADMIRAVAM E QUERIAM BEM.

Chamo Sebastião de mestre porque assim ouvi vários de seus alunos fazê-lo.

Sebastião amava de verdade o que fazia, nasceu para exercer o ministério sacerdotal e o magistério. Usava em suas homilias as técnicas pedagógicas e nas suas aulas e convivência com os alunos o jeito de sacerdote/pai. Sebastião estava o tempo todo preocupado em distribuir, espalhar e disseminar o conhecimento. Enfatizava constantemente a importância do saber.

Um aluno seu, Oswaldo Copque, quando lhe informei do falecimento de Sebastião,em resposta ao seu e-mail , de felicitações de Natal, assim ele me respondeu: “SUELY,PRAZER EM CONHECER. A PARTIDA DE SEBASTIÃO FOI UMA GRANDE PERDA PARA A SOCIEDADE. “COPQUE,NUNCA PARE DE ESTUDAR. O CONHECIMENTO EVITA QUE O MUNDO NOS FAÇA DE TOLOS”. ESSA ERA UMA DE SUAS CITAÇÕES PARA OS SEUS ALUNOS, QUE DISSEMINO ENTRE AS PESSOAS PRÓXIMAS A MIM. POR CERTO, O MESTRE DO UNIVERSO O ACOLHERÁ PELOS PRÉSTIMOS REALIZADOS A ESSE MUNDO TÃO CONTURBADO”.

Quando pensei em falar para vocês algo sobre Sebastião, ah! Pensei: gostaria de ter alguma citação de Sebastião para os alunos e Copque me presenteia com estas palavras tão bonitas.

É claro, sempre que estava com Sebastião estava aprendendo, só não aprendi a gostar de política partidária como ele gostava. Onde morasse no Brasil ou fora dele, Sebastião discutia política como se dali fosse. Esta também era uma das suas características, onde quer que estivesse morando,se fazia um nativo, se interessava por tudo que dissesse respeito aquele local. Sebastião não perdia a oportunidade de transmitir o que sabia.

Quero dizer a todos vocês o quanto Sebastião amava a Bahia e tudo que a ela pertence. Tinha o maior orgulho de pertencer aos quadros desta casa. Sempre me dizia: Suely uma das melhores coisas que fiz na vida, foi fazer o concurso da UNEB, lá somos estimulados a produzir, a produção científica, gera remuneração. Sebastião dizia o alunado está sempre pronto a responder as nossas solicitações, gente esforçada e dedicada, ficaria difícil citar nomes, mas todos vocês que tiveram a oportunidade de ter Sebastião como professor sintam-se muito queridos, pois Sebastião se referia a vocês com muito carinho e admiração. Fazer comparações não é bom, mas Sebastião dizia o quanto é prazeroso ensinar a vocês, sempre atentos a tudo aquilo que Sebastião empreendia. Havia entre vocês e Sebastião uma via de mão dupla: quanto mais Sebastião cobrava, mais vocês correspondiam. Esta era a experiência de Sebastião com vocês, acredito que a mesma coisa os outros professores possam dizer e que continuem dizendo: como é bom ser professor da UNEB e ter estes meninos como discípulos. Os alunos em muitos momentos não passam de crianças grandes.

Sebastião era um trabalhador incansável, sério, responsával, digo isso pois acompanhava de perto o seu dia a dia. O trabalho era sua força motriz. A criatividade em Sebastião aflorava como as flores do campo, abundantemente. A sua atividade de professor e de pesquisador não cessava, mesmo nas férias Sebastião estava atento a tudo, o novo, o belo lhe atraía, vinham ao seu encontro. Quando da nossa última viagem em julho passado ao Perú , fomos ao Museu de La Nacion, em Lima, um museu riquíssimo. Os acervos arqueológico e antropológico são incomensuráveis. Vários painéis com artigos sobre religião, alimentação, cultura, etc. Sebastião dizia, fotografe, estes artigos vão ser muito importantes para as minhas aulas. Chegamos em casa, em Olinda, no domingo à noite, na segunda-feira já estava Sebastião, no computador escrevendo o artigo para a coluna Região, do Jornal A Tarde, para a qual escrevia toda quinta-feira, intitulado: A SACRALIZADADE DO PAÍS DOS INCAS. Gostava de novidade, na primeira oportunidade já disseminava tudo aquilo que tinha aprendido, com aquele seu jeito de fazer multiplicar. Fomos a Cusco, Machu Pichu, lá não foi diferente. Na visita a Machu Pichu o guia nos informou que em 2011, serão comemorados os 100 anos da sua descoberta, então Sebastião já pediu o e-mail do guia para ficar acompanhando toda a programação, pois haverão muitos congressos e ele queria enviar artigos e se inscrever para participar, já estava em sua pauta voltar lá no próximo julho quando culminarão as festividades, sobretudo porque é verão, o tempo favorável.

Era assim o nosso Sebastião, filho dedicado, mesmo longe estava presente através das ligações telefônicas diárias, se preocupava com todos e com cada um em particular. Irmão amigo, brincalhão,alegre, companheiro e incentivador. Na nossa família, em nossa casa existe uma lacuna que nem o tempo vai apagar, pois em cada recanto,onde quer que estejamos ali tem um detalhe, uma marca da presença de Sebastião. Férias, símbolo de passeios, visitas, novidades e culminava com a festa do seu aniversário 03 de fevereiro: alegre, florida, bonita, cheia de amigos e comidas gostosas. Sebastião era assim: sinônimo de vida, alegria, viagens, festa, gostava de receber em sua casa.

Pois foi amparada em todas estas premissas que resolvi dar a vocês como lembrança de Sebastião um marcador de livro, com uma foto sua, com a fisionomia alegre, satisfeita, em êxtase, contemplando Machu Pichu. Sem data, para que não tivesse caráter fúnebre, pois Sebastião simbolizava vida. Gostaria que vocês lembrassem de Sebastião, como aquele que amou tudo o que fez: o sacerdócio, a pesquisa, os amigos, os colegas de trabalho, a cultura, o conhecimento, o saber e que procurou fazer com que todos os que se acercassem dele, fossem contagiados por esse amor e fossem multiplicadores, em suma que vivessem em plenitude, tivessem sucesso e fossem felizes.

Em nome da nossa família, aqui representada por Lourena sua sobrinha e afilhada e por mim, sua irmã mais velha, éramos seis, três casais, Sebastião o primogênito, em seguida eu, sua parelha, corda e caneca, presente em sua vida em todos os momentos, na alegria e na tristeza, pois sabemos todos, que a vida não é feita só de alegria, precisamos ter a sabedoria de aprender com as tristeza e tocar para frente em busca da alegria e da felicidade, porque Deus nos fez para que fôssemos felizes. Quero agradecer de coração todo esse carinho e esta bela homenagem.

Muito Obrigada.


Obs. Imagem enviada pela autora