segunda-feira, 21 de novembro de 2011

“A QUEM IREMOS?”

Jaime Sidônio


O Evangelho nos recorda que quando Jesus foi apresentado no Templo, o velho profeta Simeão inspirado pelo Espírito Santo profetizou a seu respeito: “Este menino vai ser causa de queda e reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição” (Lc 2,34). E, de fato, Jesus foi sinal de contradição! Para Maria, a Mãe de Jesus, isso traria grandes dores. Naquele mesmo momento da apresentação de Jesus, Simeão dirigindo-se a ela disse: “Uma espada traspassará tua alma...” (Lc 2,35). E assim aconteceu, pois, quando o coração de Jesus foi ferido pela espada do centurião, Maria que estava ali, ao pé da cruz, experimentou a mesma dor. Por que não poderia ter sido poupada? Esta é uma pergunta que, certamente, brota no coração e no pensamento de muitos. E o que diremos? Mistérios de Deus! Jesus também falou aos apóstolos anunciando seus sofrimentos, mostrando a necessidade de fazer o caminho para Jerusalém, onde esses sofrimentos se concretizariam, provocando até a censura de Pedro que disse: “Deus não permita tal coisa, Senhor. Que isso nunca te aconteça!” (Mt 16,22). Além disso, Jesus não escondia que eles também, os apóstolos, iriam sofrer muito.

A Eucaristia é sinal de contradição. Jesus, ao falar da Eucaristia, depois de dizer que Ele mesmo era o Pão da vida, afirmou: “Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele” (Jo 6,56). Verdadeira identificação. Comum união entre Jesus e aquele que come sua carne. Os santos padres referindo-se a essa união de Jesus com a pessoa, falavam de “concorpóreos e consangüíneos”.

A primeira transformação que acontece é esta: o pão passa a ser Cristo vivo. A segunda é: cada pessoa se identifica com Cristo. Ele em mim e eu nele. E Jesus afirma: “Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne entregue pela vida do mundo” (Jo 6,51).

Por que a Eucaristia é sinal de contradição? - O próprio Evangelho responde dizendo que depois de ouvirem o discurso de Jesus sobre o Pão da Vida, muitos discípulos se afastaram e não queriam mais andar com ele. E diziam: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” (Jo 6,60). Apesar disso, Jesus não retirou nenhuma palavra e reafirmou: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6,53).

Diante da atitude de muitos discípulos que decidiram abandoná-lo, Jesus dirigiu-se aos Doze e perguntou: “Vós também quereis ir embora?” Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6, 67-69).

Pedro e os demais apóstolos entenderam e nós também precisamos entender que o grande desafio é que Cristo, na comunhão, quer que sejamos como ele. “Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele” (Jo 6, 56). Se Cristo assim afirma, a quem iremos?