Ina Melo
Estamos no terceiro milênio e hoje é domingo dia dedicado aos namorados. Como se para amar fosse preciso data definida. O amor, quando a gente tem é de todas as horas e de todos os tempos.
Ouvindo nostálgicos fados, lembro de ti, amor do passado e me pergunto? Onde estás? Será que habitas ainda esta galáxia, ou já partistes para outra, longe e misteriosa? Não sei de ti, não sabes de mim, eis o mistério da vida.
Um dia nos encontramos e nasceu um sentimento forte. Foi um romance fugaz, inconseqüente, natural entre os muito jovens. Contigo passei o meu primeiro Dia dos Namorados e nunca consegui esquecê-lo. Era quase uma menina e tu, homem vivido nas artes do amor. Arquitetamos um plano: não tinha a liberdade de sair só. Convenci minha mãe que iria passar o dia com uma amiga na praia.
Estavas à minha espera vestindo calça e camisa de linho branco, impecáveis. Entrei no carro e me transformei noutra mulher: óculos escuros, lenço nos cabelos. Perguntaste: Estás com medo? Respondi que sim. Tocaste minhas mãos trêmulas e rindo disseste: Vou te levar para a Ilha do Amor.
Eu já ouvira referência ao lugar. Corrias muito. O vento batia forte no meu rosto, olhavas para mim e rias. Eu não falava. Algo embargava a minha voz, talvez à emoção da aventura. Na ilha distante um barquinho nos esperava. Seguimos pelas plácidas águas do rio. Chegamos ao Paraíso. Na praia deserta, achei-me perdida. Abraçando-te senti o vigor do homem no meu corpo. Beijamo-nos sob a brisa suave, vinda do mar.
De mãos dadas caminhamos até uma cabana coberta de palhas secas. Eu vestia um maiô vermelho com bolinhas brancas e tu uma roupa de banho sexy. Corei de vergonha. Sorrindo, me abraçaste forte. Nossos corações dispararam. Dizias que ali não havia ninguém e que Deus criara aquele paraíso só para nós.
Tiramos a roupa e corremos para o mar que nos recebeu com alegria. Ah! Nunca mais vou esquecer o contato da água morna no meu corpo colado ao teu. Foste delicado e amoroso. Teus lábios percorriam com avidez o meu corpo, deixando-me louca de prazer. Sabias da minha inocência e não me violaste. Amamos com a intensidade de quem nunca teria amanhã. Corremos nus quais primitivos pelas areias brancas da praia. Eu nunca tinha visto a nudez de um homem, tampouco mostrara a minha.
Almoçamos um excelente peixe que, com habilidade, preparaste na folha da bananeira. Bebemos champanhe: Novamente para mim, a primeira vez. Na cabana sob a manta, fomos os amantes mais livres e inocentes do mundo. Foi a minha iniciação nos mistérios do sexo e do prazer. Foste mágico, atingi o nirvana e proporcionei o mesmo para ti. No fim da tarde, liberta da vergonha exibia a minha nudez. Recompomos-nos quando o barco apontou no horizonte.
Deixaste-me perto de casa. Com um carinhoso abraço nos despedimos. Agradeci o maior presente dos namorados. Um dia inteiro dedicado ao amor. Pela primeira vez, dormi nua e feliz.
Obs: Imagem enviada pela autora.