segunda-feira, 18 de abril de 2011

SUSTENTABILIDADE X FRATERNIDADE


D.Edvaldo G. Amaral (*)


“Contribuir para a conscientização das comunidades cristãs e pessoas de boa vontade sobre a gravidade do problema do aquecimento global e das mudanças climáticas e motivá-las a participar de ações que visam a enfrentar o problema e trabalhar para preservar a vida no planeta” – é o objetivo da Campanha da Fraternidade, que a Conferência dos Bispos está promovendo nesta Quaresma. Diz o secretário geral da CNBB, Dom Dimas Barbosa: “A fé nos torna específicos numa discussão como esta.”

Ele quer dizer que vemos o problema da conservação da criação, saída das mãos de Deus, à luz da nossa crença no Deus Criador e não apenas como algo técnico, reservado aos especialistas. Todos nós devemos poupar a água que bebemos e usamos para higiene pessoal e limpeza dos objetos. Devemos tratar adequadamente o lixo, que produzimos diariamente em nossas residências (o Brasil produz diariamente 260.000 toneladas de lixo – informa revista especial sobre o tema). Quanto estiver ao nosso alcance, evitar ou diminuir a emissão dos gazes que poluem a atmosfera. Poupar as árvores, a plantação, o verde, a vida de nosso planeta, a Terra, que é a nossa casa. É a casa que nosso Pai Criador nos deu para usá-la e dela usufruirmos. Diminuir os plásticos, que tanto poluem as águas dos rios e dos mares.

A água cobre 70% da superfície da Terra. Calcula-se que, circulando por mares, rios, lagos, pântanos e nuvens, o planeta disponha de 1,4 bilhão de quilômetros cúbicos de água. A quantidade da água é sempre a mesma. Ela evapora dos mares e rios, transpira da vegetação, vai para as nuvens e retorna na forma de chuva. O ciclo hídrico ainda é mistério para a ciência. Mas o problema é que, apropriada para o consumo humano, são apenas 2,5% desse total. Estima-se que 1 bilhão de pessoas na Terra não tenham acesso a uma água limpa para beber. Nós, brasileiros, devemos ter consciência de que somos privilegiados na posse de água doce, com que o Deus criador enriqueceu nosso país. Além dos depósitos aquíferos, que são como minas subterrâneas de águas particularmente puras, nós temos nossos grandes rios. O Brasil dispõe de 12% de toda a água superficial do planeta, mas 70% da água que temos disponível está na Bacia Amazônica, região menos habitada de nosso país.

Nesta Campanha da Fraternidade - e não só nela - vamos fazer algumas ações práticas para contribuir na sustentabilidade de nosso planeta. Por exemplo: substituir sacolas de plástico pelas de papel; contribuir com iniciativas de reciclagem do lixo; economizar papel, não fazendo cópias desnecessárias; poupar a energia elétrica, apagando luzes acesas, desligando equipamentos que estão em stand-by, porque continuam gastando energia; desligar o chuveiro enquanto se ensaboa; economizar o mais possível a água, seja a potável seja a de limpeza; não é razoável que se utillize água tratada, potável, para usos como lavar o carro ou regar o jardim; não colocar pilhas usadas na lixeira comum, mas procurar lixo especial nos super-mercados e shopping centers. E assim por diante.

Sustentabilidade é garantir a prosperidade junto com a qualidade de vida, que assegure a felicidade desta e das futuras gerações, cuidando dos recursos naturais do planeta. E é a fraternidade que nos leva a preocupar-nos também com as próximas gerações.


(*)É arcebispo emérito de Maceió.

Obs: Imagem enviada pelo autor