domingo, 20 de fevereiro de 2011

DIÁLOGO COM A SOCIEDADE SIM, MAS “O QUE TEM QUE SER FEITO, SERÁ”


Edilberto Sena *
edilrural@gmail.com


Há uma afirmação do Mestre Jesus no Evangelho, que significa transparência, ser verdadeiro. Diz o mestre – “ Que o seu sim seja sim e o seu não seja realmente não”. O atual governo brasileiro não põe em prática essa verdade. Especialmente na questão o uso da Amazônia como colônia, a ser explorada em suas riquezas, sem levar em conta os seres humanos que aqui vivem. As afirmações do pessoal do governo são ambíguas e contraditórias. O PAC do governo só tem um objetivo crescimento econômico do Brasil. Mas eles do governo pensam no Brasil sem a Amazônia, de onde se tira tudo que puder sem deixar desenvolvimento aos que aqui vivem.

Daí que umas das principais obras do PAC são as hidroelétricas na Amazônia. Como está havendo reações cada vez maiores da sociedade civil da região e já agora do país e do mundo civilizados, o governo brasileiro tenta tapar o sol com uma peneira. As meia verdades passam a ficar claras: a falsidade de certas declarações oficiais se tornam ridículas.

Por exemplo, diz a atual Ministra do Meio Ambiente - ”licença pra construir a usina de Belo Monte não tem prazo para sair”. Um pouco antes, o Ministro de Minas e Energia afirmou que a licença para construir a usina de Belo Monte deve sair até o fim de fevereiro. Um outro alto funcionário do governo garantiu: - “ Estamos abertos ao diálogo com a sociedade , mas a presidenta está certa que o que tem que ser feito, será”. E já está em andamento o IBAMA, que obedece à ministra do meio ambiente, já concedeu uma licença ilegal, para as empreiteiras se instalarem no canteiro de obras, mesmo sem dar a licença de construir.

E assim, de afirmações e afirmações contraditórias que revelam a arbitrariedade de um governo para o qual o sim é não e o não é sim, a ditadura vai se consumando no PAC das hidroelétricas. Os povos da Amazônia só tem duas opções pela frente: ou se conformam humilhados e sofrerão a desgraça como já acontece em Rondônia, onde em Porto Velho já não há peixe do rio Madeira no mercado e a farinha custa oito reais o quilo; ou os povos do Xingu, Teles Pires e Tapajós se unem e reagem, numa resistência ativa em defesa de sua dignidade. Que seu sim seja sim à dignidade dos povos da região e seu não seja não às hidroelétricas devastadoras!


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.