terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
AO MESTRE COM CARINHO
Lila Costa
suelytelma@uol.com.br
UM MESTRE NÃO MORRE, FICA NO CORAÇÃO E NA MENTE DAQUELES QUE O ADMIRAVAM E QUERIAM BEM.
Chamo Sebastião de mestre porque assim ouvi vários de seus alunos fazê-lo.
Sebastião amava de verdade o que fazia, nasceu para exercer o ministério sacerdotal e o magistério. Usava em suas homilias as técnicas pedagógicas e nas suas aulas e convivência com os alunos o jeito de sacerdote/pai. Sebastião estava o tempo todo preocupado em distribuir, espalhar e disseminar o conhecimento. Enfatizava constantemente a importância do saber.
Um aluno seu, Oswaldo Copque, quando lhe informei do falecimento de Sebastião,em resposta ao seu e-mail , de felicitações de Natal, assim ele me respondeu: “SUELY,PRAZER EM CONHECER. A PARTIDA DE SEBASTIÃO FOI UMA GRANDE PERDA PARA A SOCIEDADE. “COPQUE,NUNCA PARE DE ESTUDAR. O CONHECIMENTO EVITA QUE O MUNDO NOS FAÇA DE TOLOS”. ESSA ERA UMA DE SUAS CITAÇÕES PARA OS SEUS ALUNOS, QUE DISSEMINO ENTRE AS PESSOAS PRÓXIMAS A MIM. POR CERTO, O MESTRE DO UNIVERSO O ACOLHERÁ PELOS PRÉSTIMOS REALIZADOS A ESSE MUNDO TÃO CONTURBADO”.
Quando pensei em falar para vocês algo sobre Sebastião, ah! Pensei: gostaria de ter alguma citação de Sebastião para os alunos e Copque me presenteia com estas palavras tão bonitas.
É claro, sempre que estava com Sebastião estava aprendendo, só não aprendi a gostar de política partidária como ele gostava. Onde morasse no Brasil ou fora dele, Sebastião discutia política como se dali fosse. Esta também era uma das suas características, onde quer que estivesse morando,se fazia um nativo, se interessava por tudo que dissesse respeito aquele local. Sebastião não perdia a oportunidade de transmitir o que sabia.
Quero dizer a todos vocês o quanto Sebastião amava a Bahia e tudo que a ela pertence. Tinha o maior orgulho de pertencer aos quadros desta casa. Sempre me dizia: Suely uma das melhores coisas que fiz na vida, foi fazer o concurso da UNEB, lá somos estimulados a produzir, a produção científica, gera remuneração. Sebastião dizia o alunado está sempre pronto a responder as nossas solicitações, gente esforçada e dedicada, ficaria difícil citar nomes, mas todos vocês que tiveram a oportunidade de ter Sebastião como professor sintam-se muito queridos, pois Sebastião se referia a vocês com muito carinho e admiração. Fazer comparações não é bom, mas Sebastião dizia o quanto é prazeroso ensinar a vocês, sempre atentos a tudo aquilo que Sebastião empreendia. Havia entre vocês e Sebastião uma via de mão dupla: quanto mais Sebastião cobrava, mais vocês correspondiam. Esta era a experiência de Sebastião com vocês, acredito que a mesma coisa os outros professores possam dizer e que continuem dizendo: como é bom ser professor da UNEB e ter estes meninos como discípulos. Os alunos em muitos momentos não passam de crianças grandes.
Sebastião era um trabalhador incansável, sério, responsával, digo isso pois acompanhava de perto o seu dia a dia. O trabalho era sua força motriz. A criatividade em Sebastião aflorava como as flores do campo, abundantemente. A sua atividade de professor e de pesquisador não cessava, mesmo nas férias Sebastião estava atento a tudo, o novo, o belo lhe atraía, vinham ao seu encontro. Quando da nossa última viagem em julho passado ao Perú , fomos ao Museu de La Nacion, em Lima, um museu riquíssimo. Os acervos arqueológico e antropológico são incomensuráveis. Vários painéis com artigos sobre religião, alimentação, cultura, etc. Sebastião dizia, fotografe, estes artigos vão ser muito importantes para as minhas aulas. Chegamos em casa, em Olinda, no domingo à noite, na segunda-feira já estava Sebastião, no computador escrevendo o artigo para a coluna Região, do Jornal A Tarde, para a qual escrevia toda quinta-feira, intitulado: A SACRALIZADADE DO PAÍS DOS INCAS. Gostava de novidade, na primeira oportunidade já disseminava tudo aquilo que tinha aprendido, com aquele seu jeito de fazer multiplicar. Fomos a Cusco, Machu Pichu, lá não foi diferente. Na visita a Machu Pichu o guia nos informou que em 2011, serão comemorados os 100 anos da sua descoberta, então Sebastião já pediu o e-mail do guia para ficar acompanhando toda a programação, pois haverão muitos congressos e ele queria enviar artigos e se inscrever para participar, já estava em sua pauta voltar lá no próximo julho quando culminarão as festividades, sobretudo porque é verão, o tempo favorável.
Era assim o nosso Sebastião, filho dedicado, mesmo longe estava presente através das ligações telefônicas diárias, se preocupava com todos e com cada um em particular. Irmão amigo, brincalhão,alegre, companheiro e incentivador. Na nossa família, em nossa casa existe uma lacuna que nem o tempo vai apagar, pois em cada recanto,onde quer que estejamos ali tem um detalhe, uma marca da presença de Sebastião. Férias, símbolo de passeios, visitas, novidades e culminava com a festa do seu aniversário 03 de fevereiro: alegre, florida, bonita, cheia de amigos e comidas gostosas. Sebastião era assim: sinônimo de vida, alegria, viagens, festa, gostava de receber em sua casa.
Pois foi amparada em todas estas premissas que resolvi dar a vocês como lembrança de Sebastião um marcador de livro, com uma foto sua, com a fisionomia alegre, satisfeita, em êxtase, contemplando Machu Pichu. Sem data, para que não tivesse caráter fúnebre, pois Sebastião simbolizava vida. Gostaria que vocês lembrassem de Sebastião, como aquele que amou tudo o que fez: o sacerdócio, a pesquisa, os amigos, os colegas de trabalho, a cultura, o conhecimento, o saber e que procurou fazer com que todos os que se acercassem dele, fossem contagiados por esse amor e fossem multiplicadores, em suma que vivessem em plenitude, tivessem sucesso e fossem felizes.
Em nome da nossa família, aqui representada por Lourena sua sobrinha e afilhada e por mim, sua irmã mais velha, éramos seis, três casais, Sebastião o primogênito, em seguida eu, sua parelha, corda e caneca, presente em sua vida em todos os momentos, na alegria e na tristeza, pois sabemos todos, que a vida não é feita só de alegria, precisamos ter a sabedoria de aprender com as tristeza e tocar para frente em busca da alegria e da felicidade, porque Deus nos fez para que fôssemos felizes. Quero agradecer de coração todo esse carinho e esta bela homenagem.
Muito Obrigada.
Obs. Imagem enviada pela autora
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