Laudi Flor
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Quando menina, visitava a casa de meus avós na pacata cidade de Palmares-PE, a margem do Rio Una, zona da Mata Sul do estado de Pernambuco. Todos os anos nossas férias começavam e terminavam lá. Para nós, crianças da cidade, ávidas por brincadeiras, a casa branca com as janelas azuis na antiga Usina 13 de Maio era como o sítio do Pica-pau amarelo com Emília e Narizinho, cheia de magia e encantamento. Para nós, aquele cenário era um relicário, uma caixa de surpresas, uma cartola prateada de onde saíam coelhos, estrelas, lenços coloridos e esvoaçantes, príncipes encantados, princesas, sapos, cavalos, era a nossa Disneylândia, a realização de todos nossos sonhos, tantas flores, tantas frutas,tanta alegria!
Palmares, região das Usinas, da cana-de açúcar, dos Senhores de Engenhos, conhecida como "Terra dos Poetas", a "Pérola do Una".Lembro dos torrões de açúcar que a Usina 13 de Maio fornecia gratuitamente quando estava em manutenção.Lembro do povo de linguajar doce como o melado, lembro dos caldos de cana feitos no quintal da casa de meus avós, os pulos nas amarelinhas e as bonecas de pano costuradas na sala principal.
Quanta saudade!
Hoje assisto o noticiário na TV e com profunda tristeza, constato que a cidade fora devastada pelas chuvas que se abateram sobre aquela região. Fico a imaginar: Será que aquele “bougainville” rosa, ainda permanece? Será que a casa que meus avôs residiam ainda está de pé? Será que a Igreja Presbiteriana da Praça resistiu? E o povo de Palmares, como andará? É certo que a família mudou para capital, apenas alguns parentes distantes permaneceram ali, mas a lembrança e a saudade é tão forte quanto a própria vida que existe em mim.
“Tudo lá parecia impregnado de eternidade” , já dizia Manuel Bandeira e será sempre assim a minha Palmares.Eterna.
Obs: Imagem enviada pela autora.