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Há muito perdi a confiança nos sonhos assim como se perde a fé num traidor. Quando apelo para eles é em busca de ajuda para me libertar de mim e partir num vôo solo, livre. Já não consigo fazer este exercício. Os loucos o fazem sem esforço algum.
A ausência do irreal deixa-me derrotada, sem forças, impotente. É uma morte súbita.
As idéias me dão seu derradeiro suspiro.
Queria que minha vida fosse arquivada ao lado de árvores e rios, onde o murmúrio dos ventos e o silêncio das madrugadas me deixassem adormecer em paz.
Não posso falar do que não sinto. Não posso falar do que não vejo. Imaginar? Como, se não consigo sonhar? Espero que um dia toda esta inércia que me amargura nos momentos de reflexão, devolva-me a capacidade de encontrar os caminhos de antes.
Não, não quero a solidão. Também não quero chorar. Preciso apenas imaginar coisas leves e breves para poder esperar, sem sofrimento, a visita de algum sonho vadio. Se demorar, minha alma se desmontará como pétalas de flores murchas. Saudade e solidão são jogos marcados sem vencedor. Vencer é liberdade. Liberdade é dor quando não temos para onde ir.
Não posso deixar de pensar sem esmagar os pensamentos entre o passado e o futuro. Com desespero e ansiedade deixo-me prender entre eles. Assim, alimento a teimosia da espera.
A sanidade me ameaça com pensamentos bem comportados.
Preciso partir. Para onde, não sei.
Começarei, agora mesmo, uma outra história: era uma vez.
Era uma vez... um sonho...
Obs: Imagem enviada pela autora.