segunda-feira, 10 de maio de 2010

DA SÉRIE ANDARILHA






Paula Barros
www.pensamentosefotos.blogspot.com
( mpaula26@hotmail.com)


Acordo. De mim, da vida, do sono. Me espreguiço, corpo e mente. Penso poder só abrir a janela e olhar. Penso ter controle do tempo e de mim. Penso que abrir a janela é mais um fato corriqueiro, um fato do dia. Mas não é. Abrir a janela, aquela janela, naquela hora do dia, me mostra o quanto não tenho controle de mim. O quanto a beleza me intriga e me chama. O mistério me faz ver horizontes e ouvir pássaros, onde apenas tem....onde apenas tem....uma história.

O resto é a mente que me apronta rodopios, é a fala de alguém dentro de mim que se mostra quando eu tento me esconder, é a janela aberta, as mãos vazias, e a emoção desnudando a alma. Que alma é essa que dança nua ao abrir a janela e olhar....e olhar....aquele conjunto de palavras que dançam a dança do ventre no palco. O palco está ali, aquelas palavras dançam para todos, rebolam tão leve, sapateam a emoção, a minha alma nua não se controla e dança também, me deixando quase sem controle de mim.

Precioso fechar a janela às pressas. Preciso sair. Ás vezes é melhor nem se despedir, nem sorrir dando adeus. Outras vezes a alma já nua, já no comando de mim, se despede. Corro, corro....fujo, para recompor a alma, para vesti-la de mim, da dona razão, da máscara de sensata. E vou....mas levo comigo o encanto, o rebolado das palavras mágicas, que passam o dia atiçando em mim o meu vão, o meu vazio tão cheio.....

Obs: Imagens da autora.