Malu Nogueira
(alines.veras@hotmail.com)
Um homem tinha uma jóia raríssima, de valor incalculável. Ele a guardava, mas sem tantos cuidados, como uma coisa sua e que jamais avençaria na possibilidade de perdê-la, tal era a sua confiança em relação aos sentimentos de sua jóia. Ela nunca deixaria de ser sua.
Substituía sua jóia por réplicas, muitas delas sem nenhum brilho, mas que ele tentava usá-las em algumas ocasiões, por malícia ou apego fugaz. Com essas falsificações, tentava imitar sua preciosa jóia, porém sem que mostrasse nunca a mesma lapidação esmerada e trabalhada de sua jóia original.
Tempo depois, cansada de ser substituída, de ver que aquele seu senhor não lhe dava o valor que merecia, levantou-se resoluta e, resolveu que era hora de mudar, mostrar seu valor a outros olhos, para que vissem quão valiosa e única ela era. Mostrar que, em cada pedaço seu, constituído de pontos, havia um encanto diferente, que nunca se repetia. Ao contrário daquelas que a substituíam na atenção do seu dono, quando achava que, por ter muitas, era mais respeitado e importante.
Ledo engano: quantidade não significa qualidade. Em muitas ele não encontrava o encanto, o brilho, a leveza e a unicidade que só ela possuía. Todas as outras bijuterias juntas não davam um único pedaço dela, por não poderem ser fundidas, pois seu material era falsificado.
Assim ela se mostrou e seu dono, como que a visse pela primeira vez, percebeu que algo estava mudado. Foi atrás e viu que não conhecia aquela jóia que diziam ser de sua propriedade.
Foi tentar pegá-la, tocá-la para sentir sua beleza. Porém, para seu espanto, a preciosa pedra escapou de sua mão e se partiu em mil pedaços, preferindo assim, voltar ao solo bruto, fragmentada. Mas com um pedacinho inteiro, no qual estava seu coração.
E, triste, viu que seu dono não tinha a sensibilidade para tê-la junto ao seu coração, como uma companheira inseparável e eterna, quando optou por falsos brilhantes.