Ina Melo
Passamos à vida em busca da felicidade e muitas vezes ela está tão perto de nós e não a vemos. Foram precisos anos e anos de caminhada para que eu visse que, ser feliz é muito mais fácil do que imaginamos. A calma e o equilíbrio que a maturidade nos oferece amortecem os sonhos e os desejos. O tempo nos fortalece interiormente, apesar da fragilidade da matéria que, queiramos ou não, se deteriora.
Há muitos anos passados eu me sentia uma mulher forte e corajosa, viajava pelo mundo e era feliz comigo mesma. Hoje, retorno em busca desse tempo perdido e o que encontro é a fragilidade de uma mulher só e um pouco assustada. Ainda assim sigo enfrentando a vida. Estou por uns dias numa cidade à beira do Mediterrâneo, cercada de água por todos os lados. Uma pequena Veneza com canais, lagunas e o grande mar.
Não conheço ninguém e passo despercebida por ruas iluminadas pelo sol brilhante e acariciada pela brisa suave de um fim de verão. O bom é que não chamo à atenção, pois mulheres iguais a mim são muitas, com uma pequena diferença.
Algumas delas estão acompanhadas por um velho homem de cabelos prateados e pele crestada pelo sol do verão que passou. Podem ser maridos, amantes, amigos, não sei. Mas não consigo enxergar em seus olhos a amargura ou infelicidade que tanto acompanha os idosos.
Assim, também me contagio e sigo a minha rota solitária fantasiando e criando um companheiro imaginário de olhos doce como o mel e, de mãos dadas vamos caminhando para a incerteza do amanhã. Às margens do Mediterrâneo, 30/10/011.
Obs: Imagem enviada pela autora.