Walter Cabral de Moura
(wacmoura@nlink.com.br)
Bandeira dos sinos. Bembelelém!
Bandeira dos meninos carvoeiros!
Bandeira dos alumbramentos!
Bandeira desfraldada, das exclamações!
fazia versos como quem chora.
Bandeira das Ruas da União e da Aurora
Bandeira do Mundo!
Bandeira do porquinho-da-índia
Bandeira do sapo-boi;
Credo! mas é Bandeira de tanto sem-fim
(e ainda passou a vida à toa, à toa...)
que nenhuma evocação, maior que fosse
daria conta.
No entanto, certas noites,
se há eclipse lunar,
desce à Terra uma voz
que se põe a sussurrar:
“Bandeira encantou-se,
voou para Pasárgada!”
E então surgem estrelas
surgem também Marias
estrelas por todo lado
mais outras tantas Marias:
umas de manhã, outras cadentes
umas de Iansã, outras decaídas
e dão-se as mãos, decididas
(as estrelas, as Marias)
tecem um estandarte
providenciam alegria
e assopram, belas, belas
(as Marias, as estrelas)
drapejam uma Bandeira
Bandeira da Eternidade!