segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O PÚLPITO DAS VEEMENTES HOMÍLIAS JÁ NÃO É MAIS O MESMO

Rômulo José


O púlpito das veementes homilias já não é mais o mesmo. Aquele que dava um ar de elegância a antiga igreja foi-se embora. Não distante. Na verdade o que foi embora não foi o ministro, e sim a essência dele. Isso porque se embriagou na ilusão de um amor.

Ele sempre foi diferente de todos os outros paroquianos. Desde criança foi ensinado na mais rígida catequese cristã. Assim, não foi difícil tomar gosto pela coisa. Aliás, gosto não, amor. Muitos até diziam que naquele garoto existia aquilo que chamamos de vocação. O certo é que o garoto não se despertara para tal. O chamado só viria acontecer na sua juventude. E veio quando menos se esperava.

Com o chamado veio também a incógnita de uma relação afetiva ate hoje ainda indefinida. Ele próprio julga ser amor. Mas definir o amor é algo quase inacessível a compreensão humana. Porem, não duvido da certeza desse homem. Dizem que os intelectuais, poetas, artistas sabem compreender esse sentimento. Compreender não, construí-lo em carne e osso. Então o meu amigo sabe facilmente vivenciá-lo, já que és homem de grande inteligência.

Mas a nossa historia se pauta no porque da desistência dele em relação ao púlpito das veementes homilias. Só existiria uma única maneira dele continuar a reza, os discursos cristológicos: sendo unicamente de Cristo. E naquela altura seu coração estava dividido. E como diz a própria escritura sagrada: “um homem não pode amar a dois senhores”. E falando em amor, o coração dele se entregara cegamente aos caprichos do amor de uma bela mulher. Isso foi o pecado cometido por ele. Pecando logo fora condenado ao afastamento imediato do púlpito. Não somente deste como também de todos os apetrechos que foram um bom padre.

Agora no seu lugar um rosto mais bonito. Mais galante. Ele não sabe seu nome. Nem se quer foram apresentados no seminário. O certo é que ninguém poderá jamais fazer como ele fazia: parafrasear a vida, ler seus belos poemas, emocionar os corações amantes. Resta aos que vem celebrar a liturgia da palavra. Pois fazer como ele fazia só ele mesmo.