Edilberto Sena *
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Foi assim ao tempo da invasão portuguesa e continua assim hoje com a invasão dos capitalistas na Amazônia. Recusam admitir que os nativos têm direitos.
O que ocorre hoje no rio Arapiuns entre os indígenas locais e a empresa madeireira é o conflito de interesses entre os nativos que habitam secularmente a região do Maró e sobrevivem dos frutos da floresta e do rio, de um lado, e do outro, uma empresa forasteira que chegou à região há pouco tempo. Ela ambiciona aumentar seus lucros com a exploração de madeiras, vendendo no mercado nacional e internacional com o tal pelo verde.
Os nativos já lutam há anos para que o Estado brasileiro legalize sua identidade indígena, além de suas terras tradicionais e o capitalista, recusa admitir que eles são índios e têm direitos constitucionais. Finalmente a Fundação Nacional do Índio- FUNAI reconhece a identidade do povo da gleba Nova Olinda - eles são indígenas e têm direito às terras ancestrais .
Importante se entender que eles não deixam de ser índios por que uma empresa capitalista contesta; e eles não se tornam índios por- que a FUNAI produz um documento. Quem assume uma identidade é a pessoa. Ninguém é branco, negro e menos ainda pardo, porque o IBGE declara. Aliás realmente é pardo, o que é um pardo? Como ninguém é japonês, ou Francês porque o governo brasileiro ou a ONU declara.
É a pessoa que assume sua identidade, como o pescador, o quilombola ou outro ser humano. Portanto, o que está em jogo hoje no Arapiuns é a ganância do capitalismo em se enriquecer com os produtos das terras dos índios. E ainda há os acólitos incompetentes mas oportunistas que se dizem antropólogos a negar a identidade dos povos indígenas do rio Arapiuns e Tapajós.
* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.