domingo, 19 de junho de 2011

TEXTO DE PAULA BARROS



Acordei e senti a alma se encolhendo dentro de mim. Foi se acocorando num cantinho, bem encolhida, parecia um feto. Tive receio do dia que os personagens forem embora. E se não vier outros. E se você não quiser dar voz aos personagens. E a alma, feito uma menina, chupava dedo encolhida no canto da parede do peito.

Lembranças, vozes da infância : está sorrindo tanto é sinal de choro, correndo assim vai terminar caindo. A alma deve ter se lembrado disso. Já que está correndo muito solta. Ficou com medo de tropeçar, ou do céu por onde voa terminar. O céu sempre termina antes do horizonte.

Respirar profundo, às vezes, faz a alma se espreguiçar, e sair do cantinho escuro que a protege dos medos e sustos. E tentar ver horizonte até na parede branca.