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02/06/2011
Para Jay Melo
Pergunto se a arte é livre ou como libertá-la.
Sinto as palavras rondando meus ouvidos, pedindo considerações, liberdade de escolha ou livre arbítrio.
O artista tem alguma obrigação? Ou deve sempre (tentar) ser coerente consigo mesmo? Preocupo-me com a preocupação de jovens artistas pelo sucesso, por atingir o ápice, sem usufruir o doce subir da encosta.
Ao me libertar de todas essas armadilhas, de todas essas vãs esperanças, entreguei-me por completo à despreocupação e ao repouso do espírito que sempre foram meu interesse mais dominante e minha inclinação mais duradoura.**
Mas o que é o sucesso? O reconhecimento do meu talento? Do meu trabalho? Do meu esforço.
A fé é o anti-séptico da alma… impregna as pessoas comuns e as preservam… elas nunca desistem de acreditar e de esperar e de confiar.***
O sucesso, a meu ver, deve responder às duas perguntas essenciais, aquelas que foram feitas por séculos e séculos e que deveriam ser respondidas por cada um de nós em algum momento de nossas vidas: “Quem sou?” e “Para que vim ao mundo?”
O ato de conhecer e de pensar estão diretamente ligados à relação com o outro.****
Até onde vai minha liberdade? Até onde posso expressar meu ser sem invadir o espaço alheio?
… nunca é tarde demais para aprender, inclusive com seus inimigos, a ser sensato, sincero, modesto, e a presumir menos de si mesmo.**
É preciso sempre mergulhar em mim, mergulhar e retornar à superfície para buscar quem sou, para entregar aos outros quem sou, um ir e vir contínuo, insistente, que me protege da cegueira da prepotência e me lança às luzes da razão.
O maior poeta nem sabe o que é mesquinhez ou banalidade. Se ele aspira qualquer coisa que antes acreditava-se pequena esta se dilata com a magnitude e a vida do universo. Ele é um visionário… é individual… é completo em si mesmo… os outros são tão bons quanto ele, só que ele consegue ver isso e os outros não.***
A liberdade (ou o livre arbítrio) encontra-se em algum lugar entre o dar-se as mãos, entre o roçar dos lábios, entre inspirar e expirar o mesmo ar, o mesmo mundo. A mesma vida.
A pedagogia do diálogo que (Paulo Freire) praticava fundamenta-se numa filosofia pluralista. O pluralismo não significa ecletismo ou posições “adocicadas”, como ele costumava dizer. Significa ter um ponto de vista e, a partir dele, dialogar com os demais.****
“Preciso me respeitar… Antes de qualquer coisa, antes de escalar torres, antes de procurar entre as sete torres da vida e da morte, enfrentar todos os dragões do medo, cruzar fronteiras, as fronteiras da alma, antes de esquecer para que vim, para onde irei, o sentido e o senso, antes de conhecer a força nunca imaginada, antes de descobrir que exista tal força e… Lançar-me ao sabor do destino. Solto e leve destino. A quem nada se pede, somente se deixa levar, antes de me deixar levar e me lançar ao sabor do destino, puro, doce, único, suave destino, guiando-me entre as torres do Castelo até encontrar o Rei do Amor Perfeito.”*****
Adele - "Set fire to the rain"
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* Estudo a partir de Os devaneios do caminhante solitário, Jean-Jacques Rousseau, L&PM, Folhas de Relva – A primeira edição (1855), Walt Whitman, Iluminuras e “O plantador do futuro”, Moacir Gadotti, Revista Viver Mente & Cérebro, “Paulo Freire – A utopia do saber”, V. 4.
** Os devaneios do caminhante solitário, Jean-Jacques Rousseau, L&PM.
*** Prefácio de Folhas de Relva – A primeira edição (1855), Walt Whitman, Iluminuras.
**** “O plantador do futuro”, Moacir Gadotti, Revista Viver Mente & Cérebro, “Paulo Freire – A utopia do saber”, V. 4.
***** Trecho do Espetáculo As joaninhas não mentem. De Patricia Tenório. Direção Jorge Féo. Com Ísis Agra, Thiago França, Maria Luísa Sá, Elilson Duarte, Jay Melo e Romero Brito. Temporada no Teatro Joaquim Cardozo, de 04 de Junho a 03 de Julho de 2011, 20h00, sábados e domingos. Maiores informações: (81) 8839 4008 (81) 8839 4008 e 9689 6091.
Obs: Imagem enviada pela autora.