Ina Melo
A manhã de verão resplandecia no parque. Os raios de sol infiltravam-se entre a verde folhagem fazendo brilhar gotas de orvalho. No terraço florido, arrodeado de samambaias, tílias e hibiscos, pássaros pulavam de flor em flor, sugando-lhes o néctar. No lago cristalino, cisnes deslizavam num majestoso balé. Que belo cenário para um encontro amoroso!
Hoje é um dia especial para a mulher que está sentada debaixo do guarda-sol. Ela veste um conjunto de seda bege e tem a cabeça coberta por um chapéu de palha. Os olhos estão escondidos por óculos escuros. Espera. Vê-se pela inquietação dos pequeninos dedos a tamborilar sobre a mesa. Vez por outra, joga um pouco de pão aos pombos à sua volta. Uma paisagem digna de Monet, em pleno século XXI.
O telefone toca e ela atende. No rosto, transparece a felicidade. Levanta-se e caminha leve entre os pássaros que esvoaçam ruidosamente. Ao seu encontro vem um homem alto, cabelos brancos, vestido de jeans azul. Abraçam-se ternamente, beijam-se e ele lhe entrega um ramo de flores silvestres.
De mãos dadas caminham para o terraço florido. A jovem garçonete aparece sorridente e faceira, com um balde de gelo e uma garrafa de champanhe. O espocar do vinho faz a mulher sorrir e o líquido é derramado nas taças longas e cristalinas. Brindam à felicidade.
Os olhos claros e meigos do homem fitam com ternura outros escuros e misteriosos. A paisagem se completa. Eles riem e conversam felizes e radiantes.
Que data especial estão comemorando? Eu, velha observadora registro no meu bloco de notas: 15 de junho de 2010. Jardins de Giverny, arredores de Paris.
Obs: Imagem enviada pela autora (Jardins de Giverny – Paris)