domingo, 6 de fevereiro de 2011

TEXTO DE WALTER CABRAL DE MOURA

(wacmoura@nlink.com.br)


Tamanha foi a mudança
que não me recordo de ter
certeza de que eu sou eu.
Quantas vezes caminhei
pelas ruas deste bairro
à procura de algo vago
que no fundo eu sabia
impossível de encontrar.

Sentia-me em casa
sentado no meio-fio.

Tantos anos de procura
(sem fazer questão de achar)
e assim, sem dar por conta
me ver aqui transformado
neste outro eu, eu ainda
mas não sei bem se sou eu.

Deuses que me mudastes!
posso eu, sem heresia
saber qual foi a razão
de mudança tão brutal?
foi só o tempo, comprido
que me desviou assim?

Deuses que mudam tudo!
uma pergunta, afinal
se só fui tudo que fui
quem eu fui onde ficou?