segunda-feira, 11 de outubro de 2010

SEM MEDO DE SER FELIZ, DE NOVO!



Maria Lioza de Araújo Correia
lioza@uol.com.br


Caro amigo, obrigada pela sua resposta. Mas alguns esclarecimntos se fazem necessários. O projeto que é visto como Lei da Mordaça das Igrejas, é uma ficção sem base na realidade atual do Brasil, tanto que a Igreja Católica sequer menciona esse tal projeto, pois sabe que inexiste tal possibilidade por parte do Governo Lula e de sua candidata Dilma Roussef. O que acontece é que o fanatismo de certas igrejas protestantes mais radicais, chefiadas por pastores histéricos, desses que vivem fazendo "curas' de madrugada e explorando os miseráveis, obrigando-os a tirar o pão da boca dos próprios filhos para darem o dízimo à essa igrejas esses pastores, não só pregam contra o homossexualismo, como incentivam a discriminação e o preconceito contra homossexuais, o que é vedado pela Constituiçaõ Federal, art. 1. Todos são iguais perante a lei. O que dá cadeia não é a pregação religiosa ou moral, mas o preconceito, pois os pastores e padres não podem incentivar práticas ilegais e anti-constitucionais. De modo que essa não é uma preocupação da nossa igreja que, graças a Deus, é mais ponderada e não incentiva o preconceito de gênero contra ninguém.

Quanto ao projeto que estabelece a inexistência de preconceitos em relação ao estado civil, orientação sexual, crença religiosa e deficiência, só pode ser um projeto louvável, pois já pensou se fosse o contrário, admitindo a existência de preconceito em relação ao estado civil (punição para a união fora do casamento, para a segunda união, para a união entre divorciados, para a união civil, etc); ou à orientação sexual (humilhações, perseguição e morte aos homosexuais e lésbicas); à crença religiosa (condenção social e moral para quem é espírita, judeu, muçulmano, induísta, testemunhas de jeová, mórmons, praticantes do candomblé, budistas, etc; ou à deficiência ( disciminação contra os deficientes físicos de qualquer espécie). É evidente que isso seria um absurdo inominável que um país democrático não poderia aceitar e muito menos aprovar. Quanto aos evangélicos serem contra um projeto desses, democrático e até de acordo com os princípios de amor ao próximo, é um problema do obscurantismo deles, sob a falsa e equivocada alegação de que abre espaço para a existência do terceiro sexo. Isso é simplesmente ridículo, pois a sexualidade não se dá por decreto e ninguém muda de sexo, também em virtude de um projeto de lei contra ou a favor. Assim, prefiro me pautar pelas orientações da minha igreja e deixar os evangélicos com sua obtusidade e radicalismos, resolverem eles mesmos seus problemas, pois não é admissível pretender-se mudar a Constituição brasileira para satisfazer a um fanatismo religioso de igrejas fundamentalistas ou de quaisquer outras. O que deveria ser alvo das preocupações desses maus pastores era a fome, a miséria, a violência, a exclusão social e os diversos males que acometem, ainda a sociedade brasileira, especialmente os mais pobres e desassistidos, que são presas fáceis da lavagem cerebral feita por esses enganadores de consciências. Deveriam também, deixar de locupletar-se com exigência de dízimo para os pobres, que por ignorância tiram da boca dos filhos para satisfazer a boa vida de pastores, pois é de conhecimento público a vida de conforto e as mordomias a que se permitem, possuindo carros, casas e estatus parlamentares, à custa do dízimo dos pobres e do voto dos ignorantes e crédulos.

Sobre a legalização do aborto, os protestantes sabem que o aborto já é legalizado no Brasil, há muito tempo, e o própio candidato José Serra, quando foi ministro da saúde no governo de Fernando Henrique, foi quem primeiro autorizou o SUS a fazer abortos. Esse fato está sendo divulgado amplamente e não o foi antes porque uma juíza de São Paulo tentou barrar a divulgação dessa notícia que agora já é de domínio público. A Marina Silva também sabe disso, pois o partido pelo qual ela se candidatou assinou junto com os demais a lei do aborto para os casos de estupro e de risco de vida da a mãe, que são os únicos motivos permitidos pela tal lei. Todavia a Marina, para não perder os votos dos evangélicos, sempre saiu pela tangente, quando era perguntada sobre o aborto, alegando que faria um plebiscito para o povo resolver essa questão. Ora, se ela acha o aborto condenável, não seria um plebiscito popular que iria torná-lo religiosa e moralmente aceitável. O Serra, por sua vez, cinicamente tirou proveito da bandeira dos protestantes chiitas contra o aborto, pois ele sabia que havia sido responsável pela inclusão do aborto nos serviços do SUS.

Entretanto, a candidata Dilma Roussef, disse por diversas vezes que não é a favor do aborto, que mulher alguma é a favor do aborto, e foi a única a assinar um compromisso formal perante as instituições religiosas, de que não encaminharia nenhum projeto de expansão da lei do aborto. Eu não sei porque há tanta má vontade em acredirtar nisso e, também, porque ninguém questionou a ambiguidade da Marina Silva sobre este assunto. Portanto, o aborto já foi aprovado, é lei em plena vigência e só poderá ser derrogada por outra lei, através da aprovação pela maioria dos parlamentares do Congresso Nacional. Aliás, a Dilma, terá muitos outros problemas com que se preocupar para se fixar exclusivamente nesse do aborto, que não é de modo nenhum o maior problema do Brasil, nem o único.

Assim, considero que esses problemas morais tão ao gosto da exploração dos evangélicos deveria ser preocupação deles. O que deve ser o alvo de nossas preocupações é: a superação da miséria, do analfabetismo, da exclusão social, o aprimoramento das instituições democráticas, o combate à corrupção, à violência e às drogas, a excelência da saúde pública e da educação pública, o crescimento econômico para poder aumentar a oferta de empregos no Brasil, entre outras tantas coisas. Essas outras questões de aborto, de medo da Dilma, e outras ficções atualmente em voga, são pontuais e passada a eleição, sequer serão aventadas.

Ademais, quem disse que os cristãos não estão mais aceitando o PT? A Dilma foi a primeira no primeiro turno com um total de mais de 47 milhões de votos e só não venceu por uma margem pequena, em função da alienação dos cristãos insconscientes e irresponsáveis para com o Brasil, esses que instrumentalizaram a Marina, em benefício do Serra. Os mesmos que jogaram o país em trinta anos de ditadura militar, repressão, desaparecimentos, mortes, torturas, etc. Entretanto, esses mesmos cristãos devotos não se sensibilizam com isso, não tem medo de um retrocesso político em que a direita possa novamente lançar o país num descalabro tal que venha afetar a própria democracia. Isso sim é que faz medo, e não a democracia, o voto livre e soberano em favor da candidata preferida pela maioria da população brasileira.

Nesse sentido, as alegações foram múltiplas: Primeiro alegaram que a Dilma era terrorista. Porém, os crimes que mencionavam terem sido praticados por ela, foram desmentidos pela publicação de sua ficha política, na justiça militar, em que foi condenada por dois anos e quatro meses POR SUBVERSÃO, INCLUSIVE TENDO SIDO BARBARAMENTE TORTURADA NA PRISÃO e posteriormente absolvida pelo Tribunal Militar. Inclusive, recentemente, jornalão Folha de São Paulo desmentiu suas próprias acusações, publicando que "Autenticidade da ficha de Dilma não é provada".

Depois, como não pegou a história do terrorismo, veio a pilantragem da sucessora dela, o caso Erenice, pelo qual a candidata foi irresponsavelmente responsabilizada por Serra e pela Marina Silva. Também não colou, tendo em vista que foram tomadas as providências cabíveis para a devida apuração do caso e consequente punição dos culpados, estando o assunto sob investigação da polícia federal.

Surgiram outras armações como a bandeira do aborto, impunhada por pastores fanáticos e irresponsáveis juntamente com alguns padres e bispos da igreja católica. E o Serra que tinha sido o primeiro protagonista para a lei do aborto no SUS, foi beneficiado com a tremenda armação patrocinada pela direita e pela ambiguidade de Marina Silva, a fim de levar a eleição ao segundo turno. Entretanto, agora esse assunto não cola mais, tendo em vista a divulgação do artigo sobre a participação do Serra na liberação do aborto pelo SUS quando era ministro da saúde, artigo esse contra o qual houve a tentativa de proibição por uma juiza de São Paulo, a favor do Serra, mas que não tendo alcançado na sua tentativa, não conseguiu impedir a ampla divulgação dos fatos verdadeiros, ali publicados e demonstrados.

Demais disso, não tendo como escapar da verdade sobre o aborto, inventaram a calúnia de que a Dilma havia declarado que nem Cristo tirava dela a vitória. Ora, isso é tão rídiculo que chega às raias da idiotice, tendo em vista que todas as entrevistas com candidatos são gravadas. E o próprio jornal ao qual foi dada a entrevista, desmentiu categoricamente a versão utilizada pelos pastores e padres contra Dilma, posto que ela não fez e nem faria uma declaração dessas, pelos seguintes motivos por ela mesma declarados: primeiro porque ela é cristã; segundo, porque jamais afrontaria ou desrespeitaria o sentimento religioso do povo brasileiro. Ela não disse que era religiosa nem muito menos beata, mas se comprometeu, formalmante, perante as autoridades religiosas e civis que não encaminharia ao Congresso Nacional nenhum projeto de expansão do aborto fora dos termos em que já foi aprovado mediante lei específica, em pleno vigor.

E por último, tendo-se esvaziado as denúncias e boatos, surgiu para o segundo turno, um trabalho subliminar de incutir o medo nas pessoas crédulas e despreparadas, em relação ao governo de Dilma Roussef. Lula também foi vítima dessa armação, pois diziam que ele iria fechar as igrejas, perseguir os católicos e evangélicos, a até mudar a cor da bandeira nacional, entre outras barbaridades. Entretanto, diante da realidade do governo Lula, que mudou o Brasil para melhor, os mesmos que tentaram desconstruir o seu governo, constatando que diante dos fatos não prevalecem argumentos, começaram a direcionar as baterias destrutivas conrta a candidata Dilma, espalhando boatos e terrorismo, dizendo que Dilma não é Lula e que depois de eleita vai se afastar de Lula e se aproximar de Hugo Chaves para tornar o Brasil uma segunda Venezuela. Ora, convenhamos, só uma mentalidade completamente obtusa consegue levar em conta uma asneira destas. O que vai realmente acontecer é a continuação dos projetos iniciados por Lula, os quais tiraram o Brasil do subdesenvolvimento e o levaram ao desenvolvimento econômico e social, dando exemplo ao demais países, de verdadeira democracia, de liberdade e de superação da crise econômica que afetou o mundo e da qual até agora os países ricos do primeiro mundo ainda amargam uma terrível recessão nas áreas econômica e social. E Dilma, pelo poder de Deus e do povo brasileiro, fará ainda um governo melhor, porque já vai encontrar o Brasil caminhando na direção certa, cabendo-lhe continuar e superar os desafios para que o Brasil se consolide como o país também do futuro e o povo brasileiro, possa enfim, com todo o orgulho dizer como na cançao de Ivan Lins "Aqui é o meu país".

Por tudo isso, votarei em Dilma Roussef, como um compromisso por mim assumido de fazer minha parte em favor da opção preferencial pelos pobres, preconizada pela igreja no Concílio Vaticano II e em consonância com a mensagem de amor e justiça trazida por Jesus Cristo para que o reino de Deus aconteça aqui e agora. Votarei de coração aberto e com a consciência tranquila de que estarei cumprindo o meu dever de cidadã consciente e fazendo o melhor para meu país. E assim, juntamente com os milhões de brasileiros votaremos novamente "sem medo de ser feliz".