segunda-feira, 11 de outubro de 2010

DAQUI, DE ONDE ESTOU.



Maria Inez do Espírito Santo
www.mariainezdoespiritosanto.com


Hoje ouvi uma história muito simples e muito interessante:
“Uma pessoa, visitando o Rio de Janeiro, sem conhecer a cidade, precisa ir a Madureira.
Pede informações à única pessoa que encontra, num ponto de ônibus:
- Por favor, o Sr. pode me informar como chegar a Madureira?
- Infelizmente não sei também. Mas, espere. Tenho um amigo que certamente saberá lhe dar esta informação. Ele conhece muito bem a cidade. Aqui está o número do telefone dele. Tome: eu tenho, aqui, um cartão telefônico. Pode usá-lo. Logo ali na frente, tem um orelhão. Ligue para ele. Ih! Desculpe-me agora, preciso correr, vem vindo meu ônibus.
O visitante mal tem tempo de agradecer, antes do outro se afastar, e vai direto para o orelhão. Faz a ligação e, de fato, é prontamente atendido pela pessoa indicada:
- Ah, sim! Claro que posso lhe dizer como chegar a Madureira. Mas para isso preciso saber: onde o Sr. está agora?
E só aí o sujeiro que precisa da informação se dá conta de sua situação e responde:
- Ih! Não sei.”

Claro que é apenas uma historinha simbólica. Mas que nos faz pensar, provoca relfexão, que é para o que servem as boas histórias.

Às vezes a gente pensa que o mais importante na vida é ter um objetivo. E esquece que o verdadeiro objetivo parte de uma realidade.

Isto vale pra tudo na vida, especialmente para o sentido da própria existência. Aprendemos a importância de perguntar: onde queremos chegar? E também por quê? E para quê? Mas muitas vezes esquecemos que precisamos primeiro saber onde estamos. E esse “lugar” onde estamos é mutável a cada momento. Como, conseqüentemente, serão alteráveis nossos destino e objetivo.

Talvez a grande sabedoria consista em fazer o exercício diário de se perguntar a cada manhã:

- De onde parto hoje? Onde, de fato, estou?

Para só então planejar, projetar, buscar condições de perseguir um objetivo, que, também esse, estará sempre se deslocando e nos levando mais adiante...

Depois de ouvir a história fiquei pensando que essa é uma das funções da educação e da psicoterapia: possibilitar que o sujeito perceba o lugar que ocupa e, através disso, facilitar-lhe a enunciação de seu desejo e a partir dele, a expressão de seus múltiplos talentos