segunda-feira, 20 de setembro de 2010

GANHAR NAS URNAS



Maria Lioza de Araújo Correia
lioza@uol.com.br


É interessante como a imprensa enfatiza tudo o que Lula fala quando critica a direita e maximiza ao exagero a interpretação das suas críticas.

No fim de sua coluna no Diário de Pernambuco de 16 de setembro a senhora declara que a hegemonia do PT preocupa, e cita palavras exarcerbadas de Roberto Freire, comparando errôneamente o pronunciamento de Lula ao criticar o partido DEMO.

Entretanto, não sei se a senhora lembra de quando Jorge Bornhausen, na época presidente do famigerado DEMO, referindo-se ao PT, foi muito mais longe e mais contundente do que o Presidente Lula, pois declarou explicitamente que eles, do DEMO, "teriam de acabar com essa raça de petistas no Brasil". Aí, Jorge Bornhausen incluiu não só o partido, mas todas pessoas do PT, ao contrário do presidente Lula que se referiu ao partido DEMO.

Todavia, essa declaração de Jorge Bornhausen não foi considerada perigosa, nem foi associada às figuras de Mussolini e de Hitler, quando deveria ter sido, pois foi Hitler quem tentou acabar com a raça dos judeus, dando origem ao holocausto. Portanto, a comparação se aplicaria perfeitamente.

Ademais não é excessivo lembrar sempre que foi o hoje DEMO (PFL), junto com outras forças "ocultas" e perigosas da época que mergulharam o Brasil em trinta anos de ditadura militar com suas "tenebrosas transações", muitas delas reavivadas no governo de Fernando Henrique Cardoso, de melancólica memória para o Brasil, lembrando que, no governo de FHC o Brasil ficou oito anos sob o comando do PSDB e só não permaneceu no poder, porque o povo brasileiro, reconhecendo os prejuísos daquele governo para o povo e para o país, elegeu, através do PT, o presidente Lula. É de se perguntar: Será que, se naquela época, o Serra ou o Alkmin tivesse sido eleito, a senhora estaria temerosa da hegemonia do PSDB, como fez agora, em sua coluna com o PT, induzindo, subliminarmente, os leitores a um imaginário e subjetivo iminente perigo com a vitória de Dilma Roussef?

O bom jornalismo aceito no mundo civilizado é aquele que noticia os fatos sem mistificá-los, sem interpretá-los ao sabor de interesses situacionistas ou oposicionistas e muito menos sem tentar apresentar para o leitor uma posição pessoal, não condizente com a realidade.

Portanto, para que um jornal mereça credibilidade dos leitores é necessário que seus colunistas se pautem pela imparcialidade e pela isenção, que são princípios balizadores da boa imprensa.