terça-feira, 27 de julho de 2010

VITORIOSA



Laudi Flor
laudiflor@gmail.com


Tenho notícias de pessoas que sentem medo de tudo. Tem medo de viver um grande amor, medo de morrer de amor, medo de emocionar-se, de permitir-se. Medo de falar e mais ainda, medo de falar bobagens. Medo do ridículo, e das próprias teorias muitas vezes sem pé e nem cabeça. Medo do “clique” num site desconhecido e de um simples correio eletrônico. Medo de atravessar a rua, de queimar-se ao sol, de molhar-se na chuva, de usar roupas coloridas... Enfim, medo de viver!

Elas não morrem de rir, e nem de chorar. Sequer reagem ao contato humano apenas por temer aquilo, que ao primeiro olhar, aparenta estranheza. Segundo Martha Medeiros “são como o milho de pipoca; os que estouram viram pipoca e os que permanecem intactos, conhecidos ”piruás”, estes sobram na panela, ”não explodem, não reagem ao calor, não viram pipoca. “Mantêm-se piruá.”

O que é a vida senão um desafio diário? Para onde iremos com o medo? Aonde chegaremos se deixarmos que o pânico assuma o domínio?Como viveremos se somos bombardeados por receios, ânsias, temores, e tremores?

Recebo todos os dias, pela internet, inúmeros textos em que o autor arrepende-se de não ter feito o que devia quando devia. Arrepende-se de não ter agido com dignidade, de não ter andado com os pés descalços, de não ter queimado ao sol, molhado na chuva, morrido de amor, vivido um grande amor... Mas por quê? Porque os limites são milimétricos, ao redor tem-se um imenso cercado, no calcanhar uma corrente, no pescoço uma coleira, em seus olhos uma viseira. E assim vão vivendo sem navegar, deixando o barco à deriva, porque tomar uma direção é ter de enfrentar, possivelmente, duras tempestades. O mar impõe respeito e estes, como desconhecem o “navegar”, dizem: “Melhor não arriscar!”

Eu, como eterna aprendiz e “descobridor dos sete mares”, percebo a vida sem limites, brilhante, necessária. Vida colorida com as cores de risadas gostosas, da “alegria escandalosa”, do erro, do acerto, do arrisca tudo de vez em quando, das tristezas, das saudades, do novo e do velho, do que veio e do que ainda virá. Vivo e vejo que assim a vida pode ser maravilhosa.


Obs: Imagem enviada pela autora.