terça-feira, 20 de julho de 2010

AULA DE PORTUGUÊS: “O ESTUDO DO ADJETIVO”



Rômulo José
reidromacsc@hotmail.com
www.poematisando.blogspot.com


Como combinado, a aula naquele dia seria sobre o estudo do adjetivo. A professora, dona Marisó, sexagenária, gorda de respiração ofegante, cabelos mal cuidados, dentes amarelados, usando óculos quase maiores que a sua face e roupas engraçadas pôs-se lentamente a entrar na sala. Entrando, sentou-se na mesma proporção. Em seguida conferiu os presentes e chamou-os a atenção em relação ao barulho. Pegou o giz com certa dificuldade. Ergueu-o até certa altura do quadro chegando a ficar a um passo de precisar firmar-se na ponta dos pés. O quadro era antigo. Possuía muitas deformidades devido às inúmeras goteiras do telhado. Terminado o exercício de apoiar o giz no quadro, a professora rabiscou:

Assunto de hoje: o que é o adijetivo?
Em seguida iniciou a explicação:

- Prestem atenção e olhem aqui pro quadro. Damos o nome de adijetivo para o nome que dá uma qualidade para o substantivo. Vejam a frase: Pedro é preguiçozo. Qual é a qualidade de Pedro:
- Preguiçoso. Responde a turma.

Porém, Joãozinho encafifado com a explicação lacônica da professora, quis melhor entender o adjetivo:
- Professora, então preguiçoso é uma qualidade?
- Não faça perguntas compricadas meninu. Quem é o professor aqui eu ou você?

O menino quis mais uma vez intervir a professora. O sinal da campainha, no entanto, tocou nesse exato momento. Todos os alunos correram em disparada para a porta de saída.

Joãozinho foi direto para casa. Entrou no quarto e jogou num canto qualquer sua sacola com os cadernos. Foi caminhando para a cozinha merendar as sobras do almoço. Na cozinha estavam seu pai Vardemar e seu padrinho Maraca. Este perguntou ao afilhado o que queria ser quando crescer. O pequeno respondeu com o conhecimento obtido em sala de aula naquela manhã:
- Eu quero ser um grande homem cheio de qualidades.Eu quero ser muito preguiçoso!
- Mas que heresia é essa, muleque! Priguiça não é qualidade de homi da colônia e nem de homi nenhum. Esbravejou o pai. “Quem ta te ensinando essas burrici...”
-Foi na escola pai.
-É cumpade Maraca o insino de antigamente que era bom. Que menino aprendia era na parmatória contente da vida...