Rômulo José
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Os esforços para se definir literatura têm sido vários. Entre os conceitos, relaciona-se a literatura a idéia de escrita “imaginativa” ou de ficção. Tal idéia não ganha forças, pois o caráter verídico ou não de uma obra depende da concepção que as pessoas lhe atribuíram em determinada época. Obras geradas em ventres puramente imaginativos, com o passar do tempo, passaram a ser vistas e lidas como descrição histórica. Se isso não é válido como definição, poderia a literatura conceituar-se pelo uso da linguagem de forma peculiar. A literatura exerceria o poder de transformar a linguagem comum, distanciando-se do uso quotidiano da fala. É exatamente nesse aspecto que se apóiam os formalistas russos ao afirmarem que a obra literária não se define pelas expressões e sentimentos do autor, e sim por palavras. O estudo dos formalistas russos não está voltado somente para a definição de literatura em si, mas para o que possa ser definido como literaturidade. Para eles, a literariedade ou o literário é que faz com que uma obra seja considerada literatura. E o ser literário define-se pelo uso do “tornar estranho”. No entanto, todos os tipos de escrita, trabalhados com a devida maestria, também podem ser considerados estranhos. Então, o conceito de literatura passou a não mais considerar somente a forma em si, mas a maneira pela qual alguém resolve ler determinada construção escrita, extraindo dessa o sentido de poesia. Por último, existe ainda o fato de que, a conceituação de literatura parte de juízos de valor. Muitas obras que, outrora, não sentavam à mesa dos cânones literários mundiais, passaram a ter sua cadeira. E já obras que, num passado longínquo, eram aclamadas, consideradas cheias de literariedade, hoje agradam somente pelo seu aspecto antropológico, social ou religioso. Na verdade, os julgamentos de valor, em muito interferem na tomada de decisão do que é ou do que possa vir a ser literatura.