Jaime Sidônio
(psjaime7@hotmail.com)
Esta é uma pergunta da qual ninguém está dispensado, ou da qual ninguém pode eximir-se. Sócrates, o grande filósofo, escreveu acima da porta de sua casa onde ensinava filosofia aos seus discípulos: “Conhece-te a ti mesmo”. Para conhecer-nos a nós mesmos é necessário fazer esta pergunta: “Quem sou eu?” Eis porque o salmista em sua oração se perguntava: “Senhor, que é o homem para cuidares dele”? (Sl 144, 4). É a resposta à pergunta que dá rumo à vida da pessoa. Sem respondê-la, há o perigo de ficarmos vagando sem rumo ou direção.
Um dia, Jesus quis experimentar os apóstolos e perguntou: “Quem é que as pessoas dizem ser o Filho do Homem?” Eles disseram o que o povo pensava, mas a resposta não correspondia à verdade sobre Jesus. E, a seguir, dirigindo-se diretamente aos discípulos perguntou-lhes: “E vós quem dizeis que eu sou?” Os apóstolos se entreolharam... Talvez um tanto desconfiados. Pedro tomou a iniciativa e respondeu por todos: “Tu és o Cristo!” E quase imediatamente Jesus fala a Pedro sobre sua missão futura. Imaginem! Um pobre pescador de lagoa, sem diploma, colocado à frente da Igreja! Isso é maravilhoso, pois, o mesmo Pai que manifestou a identidade de Cristo a Pedro, também o iluminaria no futuro. Por isso, Pedro nem ficou tão espantado diante da missão que Jesus lhe confiava naquele momento.
A pergunta feita por Jesus aos primeiros discípulos é feita aos discípulos de todos os tempos. E nossa resposta, hoje, como naquele tempo, não pode ser uma frase que decoramos do catecismo, mas que corresponde à realidade concreta da vida. Uma resposta que deve ser fruto de nosso encontro com uma pessoa viva e real, Jesus Cristo, o Filho de Deus. E nós, só podemos descobri-lo quando há abertura de nosso coração para ele. A descoberta de sua pessoa não se dá pela inteligência, mas pelo caminho do amor, pois essa descoberta é sempre obra de Deus. É o que a Palavra de Jesus confirma: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu” (Mt 16,17).
A escolha da pessoa de Jesus não é uma escolha que fazemos entre outras. Temos que escolher ele só, com exclusividade absoluta. Só ele, pois ele deve ser sempre o absoluto de nossa vida. Foi essa a escolha que um dia os apóstolos, santos e santas e tantos homens e mulheres fizeram. Escolheram Jesus para nunca mais deixá-lo.
Neste nosso mundo marcado pelo neoliberalismo, por um capitalismo selvagem, pelo individualismo e pelo relativismo; neste mundo paganizado e materializado que nega a existência de Deus, o Deus revelado em Jesus Cristo, é crucial a pergunta de Jesus: “Quem sou eu”?
O que nós pensamos de Cristo? Que resposta nós daríamos se ele fizesse, hoje, para nós essa pergunta? Pedro respondeu: “Tu és o Cristo!” Essa é a descoberta mais revolucionária que alguém pode fazer em sua vida. Você já fez? Se ainda não, por que não tenta? Eu já fiz.