D. Demétrio Valentini (*)
A Diocese de Jales entra numa semana especial. No próximo sábado se completam 50 anos de sua criação. A bula pontifícia “Ecclesia Sancta” do Papa João 23, que criou a Diocese de Jales, foi datada no dia 12 de dezembro de 1959. Era o dia de Nossa Senhora de Guadalupe, e era o mesmo ano em que o Papa João 23 tinha anunciado a realização de um concílio ecumênico.
A data será devidamente celebrada com a missa especial na catedral de Jales, prevista para a véspera, no dia 11 à noite, e no próprio dia 12 a Diocese reunirá o seu “conselho ampliado de pastoral”, com a presença de todo o clero, as religiosas e os representantes leigos de todos os conselhos paroquiais de pastoral.
Passaram-se 50 anos. Numa época como a nossa, marcada por rápidas e profundas mudanças, em 50 anos podemos identificar cenários bem diversos, que oferecem oportunas lições quando olhados atentamente.
Neste tempo de advento somos alertados pela liturgia a estarmos atentos aos sinais dos tempos. As leituras das missas, recordando o passado, insistem em usar os verbos no futuro. E´ um bom exercício de conjugação dos tempos, que é sempre muito importante para situar-nos no presente em que vivemos. E´ em função do presente que se recorda o passado, e se revivem as esperanças que ainda precisam sustentar a caminhada de hoje.
Neste sentido, é salutar lembrar as circunstâncias em que foi criada a Diocese de Jales. O final de década de cinqüenta e o início da década de sessenta, foi um tempo de intensas esperanças. Foram, com certeza, as duas décadas mais otimistas do século passado.
No contexto mundial, respirava-se com alívio a superação da segunda guerra mundial, com a rápida retomada da reconstrução, e o surpreendente ritmo do desenvolvimento que se acentuava por toda parte.
Com o lançamento do primeiro satélite soviético, o “sputnik”, se abriam expectativas surpreendentes, que alimentaram a meta da conquista da lua, como desafio a ser conseguido antes que terminasse a década de sessenta, como acabou se confirmando, com a chegada do homem na lua em 1969.
No Brasil se viviam anos febris, com a aceleração da construção da nova capital, que seria inaugurada em abril de 1960.
Mas sobretudo o contexto eclesial nos permite reviver o clima que circundou a criação da Diocese de Jales, no final da década de cinqüenta, e sua implantação em 1960.
Era um tempo de muitas esperanças, em grande parte suscitadas pelo anúncio do concílio, que teve uma ampla e entusiasta recepção, suscitando um clima de intensas expectativas, que mobilizaram a Igreja em todo o mundo, e suscitaram reações positivas no contexto ecumênico, com grandes repercussões na sociedade.
Este o contexto existente por ocasião da criação da Diocese de Jales. O otimismo eclesial da época pode ser identificado pelo impressionante número de novas dioceses criadas então no Brasil. Foram setenta ao longo do período em que Dom Armando Lombardi foi núncio no Brasil.
Segundo a sabedoria do advento, esses dias de recordação do passado nos colocam o desafio de conjugar bem os tempos. Para descobrir onde estavam os motivos das esperanças naquela época. E perceber como as utopias de então podem ainda nos animar, temperadas agora pela experiência da caminhada feita ao longo desses cinqüenta anos, que nestes dias a Diocese de Jales quer celebrar.
O assunto convida para outras reflexões.
(*) www.diocesedejales.org.br