(irmarcelobarros@uol.com.br)
Há poucos dias (30 de setembro), as comunidades judaicas fizeram a sua festa de Ano Novo. Na próxima sexta feira, celebram o Yom Kippur, ou seja, o “Dia do Perdão”, a data mais importante do seu calendário. Conforme a antiga tradição judaica, era a única vez no ano em que, no mais íntimo do templo, o Santo dos Santos, o sumo-sacerdote pronunciava o nome divino, as quatro consoantes sagradas, (o tetragrama), palavra de amor, a partir da qual, o universo inteiro se recria e se reconcilia.
Infelizmente, em nossos tempos, o nome de Israel aparece na imprensa mundial quando acontece algum novo episódio de guerra em Jerusalém ou nos territórios ocupados. Há décadas, com apoio e dinheiro do governo dos Estados Unidos, o Estado de Israel invade a terra dos palestinos que, desde séculos, moram naquele país. Pela força militar, expulsa os pobres de suas casas e instala o terror nos territórios que a ONU estabeleceu que, por justiça, pertencem aos palestinos. Alguns grupos respondem a isso com violência e, de todos os lados, espalha-se um ambiente de ódio e guerra que fere especialmente os civis, as mulheres e as crianças.
Dentro deste contexto, é mais do que oportuno recordar que a tradição espiritual do povo de Israel é de paz (shalom) e justiça. O Judaísmo contém a fé em uma aliança que o Eterno faz com todas as suas criaturas. Nesta perspectiva, é preciso que se realize, hoje, um verdadeiro Yom Kippur, dia da reconciliação e do perdão, na relação entre o Estado de Israel e o povo palestino, assim como em um novo cuidado do ser humano com a natureza e uma nova relação ecológica entre todos os seres humanos. Todos precisamos urgentemente de um Yon Kippur, amplo e prolongado.
Não se trata de incorporar o mundo inteiro à cultura religiosa judaica e sim que aprendamos com as culturas antigas alguns instrumentos e métodos eficazes para responder aos desafios que a cada dia os idealizadores de guerra inventam para matar.
Enquanto as comunidades do Judaísmo fazem o Yom Kippur, neste início de primavera no sul do mundo, Caciques e Xamãs de diferentes tradições espirituais se reúnem em pontos altos da Cordilheira dos Andes, como na Serra da Mantiqueira em Minas Gerais, para realizar ritos de cura da terra ferida pela poluição e pelas injustiças nossas de cada dia.
No Yon Kippur judaico, cada crente medita sobre a sua responsabilidade pessoal e procura reparar o que fez de errado em relação aos outros seres humanos. Assim, alegre por sempre ser perdoado, retoma a aliança com o Criador e antecipa o “último dia da História”, esperança de um mundo reconciliado na paz e na união com Deus.
Atualmente, uma parte cada vez maior da humanidade busca viver, de forma laical e sócio política, a mesma ética que as antigas religiões propõem de forma ritual e sagrada. Não estamos mais nos tempos bíblicos, quando, durante o Yom Kippur, o sacerdote pronunciava o nome pelo qual o universo se renova. Entretanto, onde há pessoas famintas e sedentas de justiça, ali se está pronunciando o mais santo nome divino: Amor Solidário. A cada dia, no mundo inteiro, as pessoas procuram maior harmonia consigo mesmo, com o universo e com a fonte de todo amor, que as religiões chamam de Deus. O Yom Kippur convida crentes e não crentes a esta reconciliação consigo mesmo, com a humanidade, com o universo e, através deste caminho, com a própria fonte divina do amor. Que cada um/uma de nós aceite celebrar um novo tempo de reconciliação e de recomeço, se reconheça irmão do outro ser humano e se esforce para que todas as nossas relações sejam fundamentadas sobre a paz, a justiça e o amor solidário.
(*) Monge beneditino, teólogo e escritor.
Há poucos dias (30 de setembro), as comunidades judaicas fizeram a sua festa de Ano Novo. Na próxima sexta feira, celebram o Yom Kippur, ou seja, o “Dia do Perdão”, a data mais importante do seu calendário. Conforme a antiga tradição judaica, era a única vez no ano em que, no mais íntimo do templo, o Santo dos Santos, o sumo-sacerdote pronunciava o nome divino, as quatro consoantes sagradas, (o tetragrama), palavra de amor, a partir da qual, o universo inteiro se recria e se reconcilia.
Infelizmente, em nossos tempos, o nome de Israel aparece na imprensa mundial quando acontece algum novo episódio de guerra em Jerusalém ou nos territórios ocupados. Há décadas, com apoio e dinheiro do governo dos Estados Unidos, o Estado de Israel invade a terra dos palestinos que, desde séculos, moram naquele país. Pela força militar, expulsa os pobres de suas casas e instala o terror nos territórios que a ONU estabeleceu que, por justiça, pertencem aos palestinos. Alguns grupos respondem a isso com violência e, de todos os lados, espalha-se um ambiente de ódio e guerra que fere especialmente os civis, as mulheres e as crianças.
Dentro deste contexto, é mais do que oportuno recordar que a tradição espiritual do povo de Israel é de paz (shalom) e justiça. O Judaísmo contém a fé em uma aliança que o Eterno faz com todas as suas criaturas. Nesta perspectiva, é preciso que se realize, hoje, um verdadeiro Yom Kippur, dia da reconciliação e do perdão, na relação entre o Estado de Israel e o povo palestino, assim como em um novo cuidado do ser humano com a natureza e uma nova relação ecológica entre todos os seres humanos. Todos precisamos urgentemente de um Yon Kippur, amplo e prolongado.
Não se trata de incorporar o mundo inteiro à cultura religiosa judaica e sim que aprendamos com as culturas antigas alguns instrumentos e métodos eficazes para responder aos desafios que a cada dia os idealizadores de guerra inventam para matar.
Enquanto as comunidades do Judaísmo fazem o Yom Kippur, neste início de primavera no sul do mundo, Caciques e Xamãs de diferentes tradições espirituais se reúnem em pontos altos da Cordilheira dos Andes, como na Serra da Mantiqueira em Minas Gerais, para realizar ritos de cura da terra ferida pela poluição e pelas injustiças nossas de cada dia.
No Yon Kippur judaico, cada crente medita sobre a sua responsabilidade pessoal e procura reparar o que fez de errado em relação aos outros seres humanos. Assim, alegre por sempre ser perdoado, retoma a aliança com o Criador e antecipa o “último dia da História”, esperança de um mundo reconciliado na paz e na união com Deus.
Atualmente, uma parte cada vez maior da humanidade busca viver, de forma laical e sócio política, a mesma ética que as antigas religiões propõem de forma ritual e sagrada. Não estamos mais nos tempos bíblicos, quando, durante o Yom Kippur, o sacerdote pronunciava o nome pelo qual o universo se renova. Entretanto, onde há pessoas famintas e sedentas de justiça, ali se está pronunciando o mais santo nome divino: Amor Solidário. A cada dia, no mundo inteiro, as pessoas procuram maior harmonia consigo mesmo, com o universo e com a fonte de todo amor, que as religiões chamam de Deus. O Yom Kippur convida crentes e não crentes a esta reconciliação consigo mesmo, com a humanidade, com o universo e, através deste caminho, com a própria fonte divina do amor. Que cada um/uma de nós aceite celebrar um novo tempo de reconciliação e de recomeço, se reconheça irmão do outro ser humano e se esforce para que todas as nossas relações sejam fundamentadas sobre a paz, a justiça e o amor solidário.
(*) Monge beneditino, teólogo e escritor.