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Dentro do carro ...
- Pára o carro!!!
Ele pisa abruptamente no freio.
- O que foi agora?
Ela revira a bolsa desesperadamente e lança um olhar angustiado para ele.
- Meu celular! Eu esqueci meu celular!
- Eu não acredito que esse drama todo é por causa de um simples telefone.
- Não é um telefone qualquer querido. É o meu c-e-l-u-l-a-r! Entendeu?
Questiona ela.
- E o que têm demais no seu c-e-l-u-l-a-r querida?
- Você esqueceu quem eu sou?
- Claro que não. Você é uma pessoa estressada que não pode viver sem um celular e fica dando piti dentro de um carro a caminho de uma festa. Tá bom pra você?
- Engraçadinho. Diz ela irônica.
O semáforo fica verde.
- Vamos! O sinal abriu. Toca pra casa!
- Eu não acredito que nós vamos voltar porque você esqueceu o telefone.
Francamente não!
- Que mal há nisso? Estamos há duas quadras de casa.
- Depende. Se a festa começou há uma hora e você demorou duas para ficar pronta, sabe lá Deus quanto tempo você não vai demorar para encontrar seu celular. Vamos considerar docinho, você é bem desorganizada.
- Mentira!
- Tá bom então. Onde você deixou seu celular?
- Em casa! Ela berra.
- Isso eu sei fofura. Em que lugar da casa?
Ela fica calada.
- Em que lugar baby?
- Eu não sei!!! Diz ela por fim.
- Está vendo. Se você fosse mais organizada saberia onde deixou seu celular.
- Não amola.
O carro de trás buzina.
- Ei ! pra onde você está indo.
-Pra festa! Para onde mais eu iria?
- A palavra ‘casa’ lhe lembra alguma coisa?
- Querida não vai acabar o mundo se você ficar uma noite sem celular.
Ela fecha a cara.
- Tá certo então. Já que não tem o meu, vai o seu mesmo.- Meu o quê?
- Passa seu celular pra cá.
- Eu não trouxe.- Conta outra. É fruto da minha imaginação esse objeto ai no seu bolso. Diz ela apertando a calça.
- É a carteira querida. Afirma ele.
- Desde quando sua carteira apita quando apertamos ela? Me dá o celular!- Meu celular é um objeto muito íntimo. Muito meu, entende?
Ela dá um sorriso irônico.
- Sei, sei. Muito bonita essa sua explicação, de coisa íntima, agora me dá o celular!Vencido ele tira o celular do bolso. Mas antes de entregar o telefone, ele o retém.
- Pra quem você quer ligar? É pra sua mãe? Eu ligo. Me diz o número que eu te passo quando tiver chamando.
Ela começa a ficar desconfiada. Teria ele outra.
- Amorzinho, eu te amo muito, muito ... mas, passa o celular pra cá agora! Grita.
- Eu não vou entregar ! Você não manda em mim. Sua paranóica, desequilibrada.
- Como é que é? Questiona ela.
- É isso aí que você ouviu.
- É assim então?
- Não... É... Não sei... Desculpa.
- Uma semana sem chegar perto de mim.
- Ãh?
- Sem beijo na boca.
Sem massagem.
Sem banho a dois.
- Isso não!
- Sem cereal no café da manhã.
Sem 'cervejinha' na hora do futebol.
- Ah, isso não! É covardia! Vamos voltar pra casa!
Obs: Imagem enviada pela autora.
Obs: Imagem enviada pela autora.