Ronaldo Coelho Teixeira
Se alguém virasse para você e lhe perguntasse na bucha: se pudesse escolher entre o prestígio e a fama, qual escolheria? Claro que, como a maioria, você apostaria nesta última. E não poderia ser diferente. Afinal, estamos na surtante e exibicionista era dos quinze minutos de fama, preconizada pelo papa da pop art, Andy Warhol. Época na qual não importa o que somos ou o que possuímos, mas sim o que aparentamos ser ou ter.
As evidências estão por toda parte. Seja na TV, com seus programas de reality shows e de criação de ídolos relâmpagos; na internet, com seus blogs, fotoblogs e sites pessoais; e até mesmo nas colunas sociais dos jornais impressos e revistas que, em sua maioria, retratam geralmente pessoas anônimas que, por um pouco de ousadia e muita sorte, se deram bem em alguns desses veículos da banalização da imagem e, por conseqüência, do ser.
Apesar de parecerem iguais, a diferença entre fama e prestígio é gritante. Segundo o Aurélio, a primeira é baseada na celebrização, na notoriedade, na glória e na publicidade. Enquanto que o segundo é calcado na “superioridade pessoal baseada no bom êxito individual em qualquer setor da atividade, e que é admitida pela maioria de um dado meio social”. Ou seja, a fama pode ser fugaz e passageira, enquanto o prestígio tende a ser mais consistente e duradouro.
Mas por que será que tantas pessoas perseguem incansavelmente a fama, geralmente atropelando a tudo e a todos que atravessam seu caminho e até a si mesmas? O certo seria desejar uma coisa, querê-la e preparar-se para ela. Penso ser este o caminho para se atingir um objetivo. É o que já foi dito sobre a velha e tão perseguida sorte, que nada mais é do que “o encontro da preparação com a oportunidade”. Ademais, a fama não merece confiança, enquanto no prestígio esta sobra.
A pista é pensar que tudo isso acontece porque sempre esperamos ser aceitos dentre os nossos. O que buscamos, de verdade, nessa existência, é apenas nos sentirmos notados, reconhecidos e valorizados. E o resultado é que a maioria não suporta a longa espera e o esforço exigidos e, geralmente, tenta acelerar o processo.
E aqui está o ponto “x” da questão: ninguém se contenta em ser apenas mais um simpático e bonachão cidadão do bairro, enquanto pode ser um ídolo da hora.
Obs: Texto retirado do livro do autor – Surtos & Sustos