domingo, 4 de dezembro de 2011

AS AREIAS E O DESTINO

Gerson F. Filho
gersonsilva@globo.com


Foi no entardecer daquele dia no qual o sol pendia no horizonte, na sua incontrolável preguiça ao partir, que suas palavras rasgando o arrebol feriram meu coração. Tão impermeáveis eram estas, intransponíveis, incandescentes na chegada aos meus ouvidos, relutantes em acreditar fossem estas provenientes dos teus lábios, quase sempre tão profícuos em falar de amor, estivessem agora proferindo o impensável, o inconcebível fim do nosso amor. Melancólico este fim, surpreendendo até a lua, nossa companheira de tantas juras, tanto carinho, inquestionável paixão.

Essa testemunha silenciosa sabe quanto amei, ou será que errei ao colocar-me no passado, pois este sentimento encontra-se defasado só sob seu escrutínio, frio e insuportavelmente lógico, dizendo que tudo tem um fim. Fiz-me árido como as areias do deserto, para acomodar sua decisão, quem sabe, talvez um dia possuindo destas a magia, eu por pura sintonia, consiga nestas, encobrir toda esta ingratidão...


Obs: Imagem enviada pelo autor.