Paula Barros
Se tem uma coisa que gosto é escrever sem pensar. E gosto muito de visitá-lo e as palavras metidas que só elas, feito criança, com toda a espontaneidade, vão subindo por mim e caindo das pontas dos dedos. Caindo mesmo, sem nem estarem preocupadas em machucar a gramática.
Vou escrevendo, me emocionando, e sorrindo. Aquele sorriso de quem sente cócegas. É assim, as palavras vão saindo de mim, e sai sorrisos.
Algumas vezes saem lágrimas, e quando choro, fico já pensando onde foi que suas palavras anzóis me pescaram.
Amor? Nem se preocupe, que não é amor. Se eu amasse você, eu não escreveria, já descobri isso.
O amor em mim dá um bloqueio nas palavras. Fico tentando juntar palavras, fazer rima, arrumar combinação do sentir com alguma palavra, e elas, as palavras rebeldes, vão embora.
Gosto é desta destrambelhação das palavras. Por isso deixei de fazer a oficina literária. Tinha que pensar para escrever, tinha que corrigir, tinha que reescrever. E isso se torna um gestação duradoura, uma tortura. Torna o escrever dolorido. Gosto mesmo é do nascimento das palavras lá na fonte, no rio das suas emoções. Então minhas palavras nascem bebendo da fonte do rio.
Obs: Imagem enviada pela autora: foto Ilha bela, SP - 09