segunda-feira, 12 de setembro de 2011

SÉRIE ANDARILHA


Paula Barros


Viajava e a cada visita na horta se enchia de palavras. Colhia e escrevia. Perfumava-se de inquietudes e dava uns passos a frente. Foi deixando nas gavetas das cômodas as memórias rabiscadas em toalhas de vento. Começou uma nova safra, pensou tratar-se de uma colheita de sete dias, entre chuva e sol, dia e noite, um só semeador, híbrido de outros. A colheita foi interrompida, os grãos plantados nela não floresceram. Ela não germinou, não cresceu, não floriu. Não foi feita a sua colheita. A mais esperada. Depois desse período, na terra prometida, o solo tornou-se árido. As chuvas ficaram escassas, o sol tornou-se ausente. A andarilha sentiu ressecar os pés.


Obs: Imagem da autora (Foto de Portugal)