D.Edvaldo G. Amaral (*)
Quero começar este segundo artigo sobre o tema do título, repetindo o ensinamento de Bento XVI, oportuno e urgente, com o qual, concluí o primeiro artigo: “A Igreja precisa urgentemente saber utilizar esses meios de comunicação, para poder evangelizar o homem de hoje, sobretudo os jovens”.
O jesuita Antonio Spadaro, diretor da “La Civiltà Cattolica”, afirmou no Seminário dos Bispos sobre comunicação: “A internet (que ele chamava sempre “a rede”,.que é a rede mundial de computadores) não é um meio, é um espaço onde vivem as pessoas. Faz parte do nosso cotidiano. Se antigamente era considerada como algo de técnico, que exigia competência um tanto sofisticada, hoje é um lugar que devemos frequentar para estar em contacto com os amigos distantes, ler as notícias, fazer uma compra,”
E quanto ao emprego dos meios de comunicação na liturgia, ele explica em artigo de sua revista, apresentado no citado Seminário: Pensemos para começar, dizia ele, no surgimento do microfone. O microfone cria uma espécie de nuvem sonora que envolve todos os participantes; uma nuvem esférica, cujo centro está em toda parte e a circunferência em nenhum lugar. Sem o microfone, o orador se coloca em um centro único; com o microfone, ele está em todo tempo e em toda parte. Depois do microfone veio o rádio, que transmite o ato litúrgico para o mundo inteiro. Depois a televisão, que nos permite assistir em Maceió a missa de Natal que o Santo Padre celebra em Roma, na mesma hora, ou em horas depois, porque gravada. Então, é já possível pensar numa celebração de oração, participada por um “avatar” - representação virtual de uma pessoa real? - indaga o pastor batista Paul Fides, de Oxford. Claro que não, devemos responder, porque um evento de oração supõe a fé dos participantes, coisa que um avatar não possui. Mas hoje usa-se com freqüência dos vários meios que a tecnologia nos oferece, para orar em comum e fazer outras práticas de meditação pela televisão e pela internet. O próprio Santo Padre abençoa, de Roma, os fiéis do mundo inteiro, concedendo-lhes até indulgência especial pela televisão.
O salesiano Gildásio Mendes, de Campo Grande, naquele Seminário para os bispos do Rio, indaga: “Como a Igreja Católica, por meio de seus líderes, no contexto das mudanças culturais e comunicacionaiss, pode organizar-se melhor para evangelizar e educar homens e mulheres que vivem na sociedade das grandes transformações culturais, provocadas pelas novas tecnologias?” E dava uma primeira resposta que depois desenvolveu; “ A verdadeira mudança que está acontecendo na sociedade atual não é tecnológica, mas humana. O que estamos presenciando, na chamada era da informação, não é uma revolução digital, tecnológica, mas relacional. Dentro desse novo contexto de mudanças e buscas por relações humanas, de novos estilos de vida, de expressão da subjetividade, das buscas por relacionamentos interpessoais e a afirmação dos valores recebidos, a Igreja como instituição tem a grande oportunidade para se aproximar, dialogar, interagir para evangelizar as novas gerações, que crescem e vivem na chamada cultura midiática, que são e serão os cristãos atuantes nas comunidades do futuro. A partir dessas assertivas, pode-se chegar a algumas orientações para fortalecer a comunicação de uma diocese, de uma paróquia, de uma escola ou de qualquer comunidade eclesial. “
A conclusão é quase obrigatória: A Igreja tem que utilizar dos modernos meios de comunicação para anunciar a verdade de Jesus Cristo para o homem de hoje.
(*) é Arcebispo emérito de Maceió.