Leo Pessini *
Abordar o tema da morte é difícil e pode levar a uma crise de humanismo.
Muitas vezes o doente é considerado apenas um organismo biológico e, dependendo do caso, morre sozinho, sem a presença da família, em um leito de hospital, conectado a aparelhos, tubos e fios.
A terminalidade lenta tornou o cuidar mais complexo, já que o paciente precisa ser visto não mais como um corpo em processo de degeneração, mas como um ser completo, que apresenta demandas e necessita de assistência em suas esferas biopsicológica e socioespiritual.
Com relação à comunicação, “as tentativas dos indivíduos que estão morrendo de descrever o que estão vivenciando podem se perder, ser mal interpretadas ou ignoradas, porque a comunicação é obscura, inesperada ou expressa em linguagem simbólica, muitas vezes rotulada como confusões ou alucinações”. No entanto, decifrar essas informações essenciais, quando prestamos atenção às mensagens que recebemos dos pacientes sob iminência de morte, possibilita-nos realizar pequenas ações que ajudam a amenizar sua ansiedade e aflição, proporcionando a humanização do cuidado.
A assistência integral e de qualidade também depende das habilidades de comunicação: escutar bem, não mentir nunca, evitar a “conspiração” do silêncio, desviar-se da falsa alegria, não descartar uma possível esperança, aliviar a dor. O emprego adequado da comunicação constitui-se em um dos pilares básicos do cuidado paliativo e uma medida terapêutica comprovadamente eficaz.
*Camiliano, pós graduado em Clinical Pastoral Education pelo S. Lukes's Medical Center (Milwaukee, EUA). Professor doutor no programa de mestrado em Bioética do Centro Universitário São Camilo (SP) e autor de inúmeras obras na área da bioética, dentre as quais Bioética: um grito por dignidade de viver e co-organizador de Buscar sentido e plenitude de vida: bioética, saúde e espiritualidade.