Maria Inez do Espírito Santo
Sou uma educacionista.
Acabo de saber disso pela convocação do professor Cristóvam Buarque, feita através de seu texto publicado no jornal O Globo de hoje.
Enfim, depois de tanto tempo me negando a participar de projetos políticos porque nunca os vejo privilegiando de fato a Educação e me julgando muito só e tantas vezes proscrita, ao repetir incessantemente que só vejo solução para os grandes dilemas de nosso país e do mundo se pensarmos a Educação como a geradora da transformação desejável em todas as áreas, me sinto, enfim, reconhecida, quando posso me incluir, sem nenhuma modéstia, no batismo dos educacionistas.
Aí dá até vontade de falar um pouco mais sobre isso.
Renovando publicamente meu compromisso, confesso que acredito que:
Educação se faz a todo momento e em todo lugar, o que transforma todo adulto em Educador. Daí termos, todos, o compromisso de levar a sério cada atitude nossa, por menor e mais simples que pareça, lembrando de seu potencial de contribuição na formação de uma sociedade mais justa e mais feliz.
Todas as crianças, independente de suas condições individuais, devem freqüentar Escolas e classes comuns, conviver com as diferenças e semelhanças humanas como fatores enriquecedores do processo de desenvolvimento, incluindo, assim, a Vida na Escola.
Professores devem ser aqueles que têm disposição interna para se dedicar ao ensino e para acompanhar dia-a-dia, com entusiasmo, parceria e repeito, não só o processo de aprendizagem, mas, para além disso, o desenvolvimento de cada educando, como criatura capaz de dar à humanidade uma contribuição única e preciosa.
Educação verdadeira é aquela permeada pelo afeto. E afeto fala de emoção, de envolvimento, de zelo constantes.
Educação começa no berço e nunca termina. Portanto se inclui no ciclo incessante da vida, estando presente em todo o processo vital, no exercício profissional, na convivência religiosa, nas atividades de lazer.
E vai por aí...
Quando leio a descrição de alguns projetos que Cristóvam Buarque destacou hoje, penso nos muitos outros, anônimos e sem nenhum apoio, que se desenvolvem por esse Brasil afora, silenciosa, mas eficazmente. Penso nos muitos educacionistas heróicos, alguns ainda bem jovens, outros semi-analfabetos, muitos idosos, tantos sem recursos, mas que agem e lutam diariamente, comprometidos com a mais verdadeira Educação, porque têm a paixão pela relação humana transformadora; porque têm sabedoria para educar pelo exemplo e ter, sempre, para o outro, um olhar de confiança e uma atitude de estímulo.
Enfim, quando já é possível identificar, no horizonte, um movimento que nos anima a imaginar um mundo mais feliz, construído por pequenas ou grandes ações, mas sempre significativas pelo poder somatório que reforça a crença no valor dos pequenos passos, é hora de nos apressarmos a nos unirmos.
Quem mais está comigo nessa esperança? Estou de há muito buscando as estrelas de minha constelação*!
* Este termo “estrelas de uma mesma constelação” aprendi com o sábio e saudoso Sebastião Macieira, este educador inesquecível, que acompanhou, como secretário e amigo, o editor José Olympio por grande parte de sua vida e que educou discreta e profundamente cada pessoa que teve a sorte de cruzar o seu caminho