Ronaldo Coelho Teixeira
Somos o primeiro país na utilização de celulares. Enquanto no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da ONU, estamos num vergonhoso 65º lugar de um total de 177 países. O celular estreou no Brasil em 1990 (quem não se lembra dos ‘tijolões’ da Nokia, uma das pioneiras?). Segundo a Anatel, o país já possui quase 90 milhões de linhas. De acordo com estimativas da IDC, empresa de auditoria telefônica, em cinco anos deveremos contar com 110 milhões de celulares.
A onda começa com a moçada dos 10 aos 15 anos que não abre mão desse eletroneto de Grahan Bell. O álibi para ganhar os pais está sempre na ponta da língua: “- todos os meus coleguinhas têm um”. As mães, moderninhas, alegam que o eletrônico facilita no controle dos filhos. Não sei. Penso que o velho telefone da diretoria ainda é o canal de comunicação mais apropriado dos pais para com os filhos na escola.
Nas universidades, a adesão aponta para uma questão de status, pois, apesar dos avisos de proibição em salas de aula, o que se ouve (e se vê!) é um caos de variados bips e muita falação. Na faculdade onde estudo, por exemplo, tem gente que não possui sequer meio de locomoção, mas o bendito celular está ali, colado ao corpo, feito um pingente.
Alguém poderia alegar que o uso do celular é uma necessidade de primeira instância. Discordo. Se o leitor trabalha e, no seu ambiente profissional, já existe o telefone convencional – o mesmo acontecendo em sua casa – será que você quer mesmo ser encontrado, principalmente num momento de lazer com a família ou com alguém especial? Agora, há casos e ‘casos’. Existem profissões nas quais os celulares são de uma grande utilidade.
Por outro lado, embora ainda não existam provas de que são prejudiciais à saúde, precauções devem ser tomadas. Esse é um tema praticamente velado (não será porque envolve dinheiro demais?). Só para listar aqui: problemas neurológicos, câncer, surdez, esterilidade masculina, tremores e distúrbios do sono. Estes e outros males são lembrados quando aparecem listas com os possíveis danos, decorrentes do uso excessivo do celular ou da exposição às ondas emitidas pelas antenas de telefonia.
Por fim, este não é um protesto contra o seu uso. Pelo contrário, a intenção é apenas a de lembrar aos incautos teleligados que o bom senso – não importa a inovação tecnológica – ainda serve como tônica no uso dos objetos, que são feitos para nos servir e não para nos escravizar. Afinal, o velho e popular ditado “temos dois ouvidos, dois olhos e apenas uma boca, para que possamos ouvir e ver mais, e falar menos”, apesar dos avanços científicos, ainda diz muito para quem esteja disposto a escutar.
Obs: Texto retirado do livro do autor – Surtos & Sustos
Imagem enviada pelo autor.