Ina Melo
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Eis Paris no Outono! Não vou precisar o ano. As estações pouco se diferenciam. As almas perdidas no tempo, não.
Caminho sobre um imenso tapete dourado. São folhas que caem. Algumas ficam. Outras se deixam levar pelos ventos. Assim também acontece com a mulher.
Estou no “Bois de Boulongne” num glorioso fim de tarde, deixando que os raios do sol aqueçam o meu corpo triste e solitário. Pessoas de todas as idades passam rindo e conversando. Descompromissadas com a vida, igual a mim.
Numa prece silenciosa agradeço ao Criador mais uma oportunidade de poder caminhar entre árvores centenárias, fontes ruidosas e lagos tranqüilos. Cisnes deslizam imponentes e elegantes.
Ao longe, pequenos pássaros sobrevoam a paisagem num leve arrulhar de sons maviosos. O silêncio se faz presente. É como se todos respeitassem a despedida do glorioso dia.
O vento desnuda as árvores e chuvas de flores derramam-se sobre mim. Estou coberta de orvalho. È o frio que chega. Abraço-me no aconchego protetor do meu casaco. Paro num pequeno caramanchão para descansar. De que, não sei! A vida para mim é leve, principalmente se estou em Paris.
Peço uma taça com o precioso líquido dos Deuses e convido-os a brindarem comigo este lindo e mágico fim de outono em algum tempo do passado. Paris/Outono/1984.
Obs: Imagem enviada pela autora.