domingo, 31 de julho de 2011

O CASTIGO


Rômulo José


Na centésima vez o cansaço foi maior que o peso do próprio castigo. A mão não respondia a vontade do corpo. Assim, despencaram a caneta junto com o caderno da correção moral e educativa daquele lugar: a temível masmorra disfarçada.

O pequeno condenado daquele dia tinha um passado que nem ele próprio possuía consciência disso. Era um carregador de livros. Saía todas as manhãs em busca de não se sabe o quê, uma vez que desconhecia a própria razão de ser.

O dia não foi diferente dos outros. Já era freqüentador assíduo da poltrona da tortura. Diferente apenas foi o motivo do castigo: desrespeitou o seu colega de aula. A punição: jurar no caderno das lamentações que não mais iria repetir tal atitude. Por isso, deveria jurar por escrito não mais repetir tal situação.

Não sei ao certo se o castigo corrigiu aquele menino. O que sei é que a distinta biblioteca ainda continua sendo usada como uma terrível masmorra onde o prazer da leitura é tido como o pior dos castigos daquela escola.


Obs: Imagem enviada pelo autor.