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Para Jorge Féo, Ísis Agra, Thiago França, Maria Luísa Sá, Elilson Duarte, Jay Melo, Romero Brito, Lucas Cavalcanti e Nilton Leal: o melhor de mim para o que de melhor vocês me ofereceram…
NATUREZA MORTA COM MAGNÓLIA*
Era da moça na janela que falavam, mal sabendo o que ela fazia com os pés. Nem sabendo ao certo se possuía pés ou a cintura, quebrada pelo parapeito da janela.
E se olhassem seu rosto ovalado, quase não percebendo os traços, os limites?
Da cor rósea, transparecia. Uma só linha circundava a face, o queixo pontiagudo, a testa alta dos cabelos presos.
Na vida de Magnólia havia apenas o antes e o depois, assim que cruzava os talheres e limpava o canto da boca.
Gostava de doce de leite, lhe provocava náuseas – se resolvia com um sorbet de limão bem ácido de estalar a língua e doer no meio do cérebro.
O sangue coagulado poderia deslizar pelas artérias tontas, mas ela não perceberia, nem perceberiam todos que a olhavam, do lado de lá da janela, a moça que cosia histórias e fabricava sonhos para os outros sonharem bem amanhecidos.
PUREZA**
Se me calo
Insisto
Em dar razão
A quem não tem
Se mudo
Do meu lugar
Para lugar outro
Percebo
O que os olhos não veem
Na espera
Desta luz
Que me alumia
Fico
A catar conchinhas
Na imensidão do mar
Na potência mesma
No ato que a transforma
Na paciência de ver
Um simples jasmim
Desabrochar
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* Extraído de Diálogos, 2010, Editora Calibán. Diante da Exposição de Henri Matisse na Pinacoteca – São Paulo. Telas de Henry Matisse: “Natureza Morta com Magnólias”, 1941, óleo sobre tela, 74×101 cm e “Nú azul II”, 1952, guache sobre papéis cortados e pastéis, 116,2 x 81,9 cm.
** Extraído de D´Agostinho, 2010, Editora Calibán.