domingo, 5 de junho de 2011

A DIVERSIDADE DO SER HUMANO


Zeca Paes Guedes
ozeca33@yahoo.com.br


Semana passada, ouvi de uma mulher bastante instruída, uma frase que não fez bem aos meus ouvidos. Ela comentava sobre a vida de uma pessoa conhecida e, em determinado momento, declarou: “Também, de uma mulher que gosta de outras mulheres, o que se poderia esperar?”

Sei que desde os primórdios da humanidade, entre os povos primitivos, entre os mais civilizados, entre iletrados ou intelectuais, sempre houve interesses e vivências afetivo sexuais em todos os sentidos, seja entre iguais, ou entre diferentes. Isso não é “um mal” da nossa época, é sim parte da nossa humanidade, que nos permite sermos capazes de viver a sexualidade numa diversidade de orientações. Grandes personagens da história foram homossexuais sem que sua sexualidade influísse nas suas contribuições em todos os campos, como heróis, guerreiros, aventureiros, desbravadores, cientistas, e tantas outras atividades.

Chega a ser desumano criticar ou julgar pessoas apenas por agirem diferente de nós. Quem somos nós para declararmos o que é certo ou errado, apenas pelas diferenças interpessoais? Essas idéias discriminatórias, maquiadas de verdades, constroem e solidificam preconceitos, intolerâncias, racismos, homofobias, que devem ser combatidos e não disseminados. Afinal, em nome dessas idéias, milhões de pessoas foram sacrificadas nos diversos campos de concentração construídos pelo mundo, não apenas pelos nazistas, mas por vários outros povos!

Em nome dessas idéias, muitas guerras devastadoras destruíram territórios e populações! Essas idéias deveriam envergonhar a humanidade!

Não acredito que o mundo seja mau, mas creio na nossa desumanidade, fruto de uma incapacidade de amarmos a vida plenamente, como se ela fosse prerrogativa apenas dos nossos iguais. A rejeição àqueles que agem diferente reflete essa falta de capacidade de tolerar e apreciar a diversidade.

Esta reflexão me leva à conclusão de que precisamos recuperar certa inocência do olhar, tal como as crianças, que ignoram essas diferenças entre as pessoas. Para mim, a palavra principal que deve nortear nossas idéias é “respeito”. Respeito pelo outro, pela sua singularidade como ser humano e pelo seu direito de exercitar suas preferências.

O homossexualismo não é uma escolha, é antes uma condição, uma orientação. Não creio que alguém escolheria ser homossexual sabendo que essa escolha lhe traria rejeições, preconceitos, sofrimento.

A carga de preconceitos que recebemos com nossa educação, pode impedir-nos de avaliar, por exemplo, a quantidade exageradamente grande de casais heterossexuais, devidamente ligados pelos santificados laços do matrimônio, que se maltratam, desrespeitam, exigem que o outro se adapte às suas exigências, numa imposição humilhante e indigna ao mesmo tempo.

Eu não discuti o assunto com essa mulher. Talvez tenha me omitido, sei lá; mas não achei que valesse a pena questionar suas idéias. Afinal, ela é uma dessas pessoas que vivem casamentos de fachada, onde impera a vontade individual, sem respeito pelo outro. O marido cuida da sua própria vida, ela cuida da dela e os filhos, cada um por si. Não sei se com essa minha reflexão sobre o assunto ela conseguiria enxergar de maneira diversa a enorme diversidade que caracteriza a humanidade.

Ou será que estou agindo preconceituosamente com relação a ela, julgando-a e discriminando-a?


Obs: Imagem enviada pelo autor.