Euza Noronha
como se fosse barco à deriva
navega lembranças
escutando silêncio de gestos antigos:
bocas apaixonadas tecendo beijos em palavras
mãos de carinho borboleteando desejo de ser
o relógio rouba-lhe a memória
joga-lhe o tempo de agora:
dona de casa com velas arriadas
velejando rotina de salaquartocozinha
toalhas brancas pratos e beijos de plástico
quebra pratos
cospe acrílico
rasga cortina
:é dia dos namorados
nua em sangue veste-se de menina
e redesenha-se na madrugada do amor