domingo, 15 de maio de 2011

SEM VÉU

Malu Nogueira
(alines.veras@hotmail.com)


Garranchos abrem passagem
Para as folhas verdejantes que surgem
Lacraias, formigas e tanajuras
Mostram-se em alvoroço,
Contemplam em alegria
A chuva fina que chega
Alagando o seio da mata
No ritmo que molha e semeia
Voam juritis e andorinhas
Numa revoada festiva
Pairam acima do aveloz
Giram suas asas molhadas
Sob as águas barrentas do rio
Que num instante veloz
Enche o leito de baronesas
Dádiva almejada
Por caboclos e ribeirinhos
Muge bois, abrem-se os girassóis
Favos de mel escorrem
Dos bicos de xexéus de bananeira
O vento vem com o cheiro de flores de laranjeira
Vibram nas horas ancoradas
Nos raios e trovoadas
Surgidas no horizonte
Das terras, dos campos,
Do verde santo da floresta.