Patricia Tenório
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03/04/2011
Ela colhia sonhos para vender na feira, à prestação.
Tinha fila de moças saídas da missa, em busca de maridos ricos e bem comportados. Não investigavam se eram maduros ou verdes ainda, importando que as tratassem feito princesas de contos de fadas.
Uma fila grande, ao lado, para os rapazes que não sabiam arar, plantar, regar, adubar. Apenas seguiam presos a uma coleira guiados pela mamãe, tolhidos pelo papai.
O menino pediu um telescópio para ver as estrelas, apelidar seus nomes, fazê-las cair em noite de São João, para que pulasse as fogueiras de vaidade e pudesse despertar o que é bom em nossos corações.
Mas numa fila que não havia, e havia somente para Ela, de um berço de ouro brotava boquinha de morango, olhos jabuticaba, maçãs do rosto rosadas e a impressão que Maria Eduarda colheria sonhos para vender na feira, à prestação. Ou não.
Obs: Imagem enviada pela autora:
Eu e Maria Eduarda. Foto: 2004, Vitória Dantas.