por
J. A. Horta da Silva
horta.silva@sapo.pt
Nos tempos que vão correndo, pensamentos e promessas são qualquer coisa que nasce do diálogo do “eu” consigo próprio, uma espécie de negócio ilegal, que há muito deixou de se poder analisar à luz da dualidade maniqueísta do bem e do mal, mesmo quando o prometimento é feito a Deus. As promessas são suposições com pouca substância, pois o que conta não é o que se promete, mas o que se faz e o modo como se pratica. No caso dos políticos, estas asserções adquirem uma dimensão grande e complexa, tanto mais que o pensamento dos políticos é ardiloso e as promessas feitas em campanha eleitoral não passam de coisas vãs. Não quero com isto dizer que todos os políticos sejam mentirosos, mas quero afirmar que nenhum político é dono do futuro, facto pelo qual, fazer promessas em época de grande turbulência económica, financeira e política é, no mínimo, uma utopia.
Face à crise, dei-me ao trabalho de ler os programas dos principais partidos concorrentes às legislativas de 2011. Do que li e vi, realço:
a) O regresso do CDS a raízes democratas cristãs, muito embora esteja em desacordo com as políticas propostas no âmbito das privatizações, nomeadamente Caixa Geral de Depósitos. Contudo, Paulo Portas tem revelado algum sentido de Estado.
b) O PSD constrói a sua proposta assente em cinco pilares. Destaco no Pilar Cívico e Institucional a redução do número de deputados na Assembleia da República e a extinção dos governos civis, promessas que me agradam. No Pilar Económico, a revitalização das actividades ligadas ao mar (portos, construção naval, pesca, etc.) é importante, mas relembro que a excelente posição estratégica do Porto de Sines só dará frutos se for construída uma infra-estrutura ferroviária de alta velocidade que possa escoar, com rapidez, as mercadorias até ao centro da Europa. O PSD não é claro relativamente à Segurança Social e à diminuição de funcionários públicos, embora pareça coerente no domínio do emagrecimento do Estado. Relativamente a Passos Coelho, não tenho visto postura de estadista, mas sim um desempenho dissimilar, eivado de populismo (ex: imagens de colheita de cerejas).
c) O PS dá ênfase à manutenção do estado social, a medidas de apoio à adaptabilidade das empresas e ao dinamismo do mercado de emprego, articuladas com o combate à precariedade laboral e à contratação de jovens e de desempregados. Por outro lado, faz fé numa política de concertação social responsável, embora dificílima com a CGTP Sócrates assume a figura do gladiador que deseja vencer ou morrer, politicamente falando, na arena, atitude que está de acordo com o espírito combativo que sempre mostrou.
d) O BE propõe a renegociação da dívida, salvar a economia e criar emprego, dando realce ao investimento público, à justiça fiscal, ao reforço da banca pública e ao ataque ao despesismo. Louçã tem a visão de um economista não alinhado com o mercado de capitais e FMI e as suas medidas parecem de difícil execução num mundo global, tutelado por agências de rating e mercados.
e) O PCP mantém-se agarrado à estatização da sociedade e à luta contra o capital, ignorando a realidade política e económico-financeira ocorrida com o fim da URSS e Jerónimo de Sousa não aprendeu nada com Lula da Silva. Era bom para os trabalhadores e para a economia, que a CGTP tomasse uma posição dialogante na concertação social e contribuísse para o surgimento de consensos tendo, como exemplo, a experiência do que se passa na Auto-Europa, em Palmela.
Paul Krugman, prémio Nobel da Economia e reputado cronista do The New York Times, fez uma análise da crise financeira que perpassa nos Estados Unidos e compara-a com o que se está a passar na Europa, não só com a Grécia, Irlanda e Portugal mas, inclusivamente, com o Reino Unido e diz: «cortar no défice com desemprego alto é um erro; mas se os investidores desconfiam que os políticos não enfrentam os problemas estruturais, deixam de comprar dívida e o défice dispara com os juros…os países europeus que pediram ajuda não vão ser capazes de pagar as dívidas e os planos de austeridade são inúteis e vão agravar a recessão». Dá que pensar!
Face à crise, dei-me ao trabalho de ler os programas dos principais partidos concorrentes às legislativas de 2011. Do que li e vi, realço:
a) O regresso do CDS a raízes democratas cristãs, muito embora esteja em desacordo com as políticas propostas no âmbito das privatizações, nomeadamente Caixa Geral de Depósitos. Contudo, Paulo Portas tem revelado algum sentido de Estado.
b) O PSD constrói a sua proposta assente em cinco pilares. Destaco no Pilar Cívico e Institucional a redução do número de deputados na Assembleia da República e a extinção dos governos civis, promessas que me agradam. No Pilar Económico, a revitalização das actividades ligadas ao mar (portos, construção naval, pesca, etc.) é importante, mas relembro que a excelente posição estratégica do Porto de Sines só dará frutos se for construída uma infra-estrutura ferroviária de alta velocidade que possa escoar, com rapidez, as mercadorias até ao centro da Europa. O PSD não é claro relativamente à Segurança Social e à diminuição de funcionários públicos, embora pareça coerente no domínio do emagrecimento do Estado. Relativamente a Passos Coelho, não tenho visto postura de estadista, mas sim um desempenho dissimilar, eivado de populismo (ex: imagens de colheita de cerejas).
c) O PS dá ênfase à manutenção do estado social, a medidas de apoio à adaptabilidade das empresas e ao dinamismo do mercado de emprego, articuladas com o combate à precariedade laboral e à contratação de jovens e de desempregados. Por outro lado, faz fé numa política de concertação social responsável, embora dificílima com a CGTP Sócrates assume a figura do gladiador que deseja vencer ou morrer, politicamente falando, na arena, atitude que está de acordo com o espírito combativo que sempre mostrou.
d) O BE propõe a renegociação da dívida, salvar a economia e criar emprego, dando realce ao investimento público, à justiça fiscal, ao reforço da banca pública e ao ataque ao despesismo. Louçã tem a visão de um economista não alinhado com o mercado de capitais e FMI e as suas medidas parecem de difícil execução num mundo global, tutelado por agências de rating e mercados.
e) O PCP mantém-se agarrado à estatização da sociedade e à luta contra o capital, ignorando a realidade política e económico-financeira ocorrida com o fim da URSS e Jerónimo de Sousa não aprendeu nada com Lula da Silva. Era bom para os trabalhadores e para a economia, que a CGTP tomasse uma posição dialogante na concertação social e contribuísse para o surgimento de consensos tendo, como exemplo, a experiência do que se passa na Auto-Europa, em Palmela.
Paul Krugman, prémio Nobel da Economia e reputado cronista do The New York Times, fez uma análise da crise financeira que perpassa nos Estados Unidos e compara-a com o que se está a passar na Europa, não só com a Grécia, Irlanda e Portugal mas, inclusivamente, com o Reino Unido e diz: «cortar no défice com desemprego alto é um erro; mas se os investidores desconfiam que os políticos não enfrentam os problemas estruturais, deixam de comprar dívida e o défice dispara com os juros…os países europeus que pediram ajuda não vão ser capazes de pagar as dívidas e os planos de austeridade são inúteis e vão agravar a recessão». Dá que pensar!