Zeca Paes Guedes
Charmoso, carinhoso, atencioso e se lembra de mandar uma mensagem na manhã seguinte a um encontro romântico. Sabe cozinhar, não faz cenas de ciúmes, nem reclama se você chega tarde quando sai com as amigas. E ainda por cima, depois do filme romântico, acompanhado de pipocas ao ponto – feitas por ele – se oferece para fazer um brigadeiro de panela e depois enfrenta com alegria o avental, a pia, a esponja e o detergente. É mais sensível que os seus pares e não usa jogos de poder tipicamente masculinos, além de gostar de falar dos sentimentos, não fazer questão de ser o melhor em tudo, cuidar dos filhos com prazer, dividir as contas com a mulher e, se precisar, não se importar em ser sustentado por ela.
Está duvidando? Esta é a descrição do homem perfeito para você? Pois saiba que ele existe! Ao contrário do homem tradicional que tem o papel de líder, caçador, provedor e conquistador das fêmeas do bando, másculo e agressivo, o novo homem que já ocupa seus espaços no século XXI, é avesso à ideologia machista, não se envergonha de mostrar seu lado sensível nem de derramar algumas lágrimas, além de exercer tranquilamente atividades que, antigamente, eram da competência das mulheres. Meio século após o inicio da emancipação feminina, a mulher moderna não precisa mais da figura masculina como proteção. Embora ainda acumule as tarefas domésticas e a criação dos filhos aos seus novos afazeres fora de casa, está cada vez mais empenhada em não viver como viviam suas mães e suas avós.
Hoje, muitos homens já dividem com suas mulheres as chamadas "tarefas domésticas" por entenderem que, se ambos passam o dia fora e as tarefas precisam ser feitas, nada mais justo que a responsabilidades por elas seja dividida. As mulheres que se casaram com machões estão mais propensas a se separar e as solteiras relutam em se casar com homens à moda antiga.
Social, econômica e profissionalmente, as mulheres invadiram áreas antes dominadas pelos homens, abrindo espaço para que o universo masculino assimile tarefas e comportamentos tidos como femininos. Hoje já é comum encontrar homens que não fogem à discussão da relação afetiva, à necessidade de dividir tarefas domésticas ou até mesmo cuidar dos filhos. Assim como aqueles que freqüentam academias de ginástica, clínicas de estética, salões de beleza e adoram fazer compras em shoppings. O novo homem diz "eu te amo", não tem receio de pedir perdão, não se envergonha de chorar, discute a relação numa boa. Cuida dos filhos sem reclamar, cozinha, lava louças e roupas e limpa e arruma a casa. Por outro lado, embora vaidoso, não fica se admirando no espelho o tempo todo, não trai a mulher por diversão, não arruma briga na rua, não se importa de ganhar menos que a mulher e nem faz questão de provar que sempre tem razão em tudo.
Mas como nem tudo são flores, muitas vezes esse novo homem acaba pecando na hora da conquista, dando vantagem ao machão, que exibe seu lado mais agressivo e rude. Muitas vezes esse novo homem acaba virando amigo das mulheres, pois lhes falta uma abordagem mais direta e agressiva, a famosa "pegada", ainda preferida pela maioria das mulheres. Entre os lençóis, a "atitude" masculina e o sexo de qualidade, apimentado pela virilidade e testosterona, levam a melhor sobre a delicadeza, que elas encontram de sobra entre as amigas. Do ponto de vista feminino, as opiniões se dividem entre a virilidade típica de uns e a sensibilidade de outros.
Na verdade, o mais importante é que o momento leva à avaliação de que tanto homens quanto mulheres possuem forças e fraquezas, podendo ser colaboradores na vida um do outro, mantendo suas características, de acordo com os novos desafios apresentados pelos novos tempos. Afinal, se existem diferenças biológicas entre os cérebros masculinos e os femininos, é aconselhável que elas sejam cultivadas, cada um oferecendo ao outro o que tem de melhor para que todos se entendam e vivam mais felizes.
Na verdade, assim como na comida, numa relação afetiva o tempero é tudo.
Obs: Imagem enviada pelo autor.