domingo, 13 de março de 2011

PELO DIA INTERNACIONAL DA MULHER


DE VOLTA PARA O FUTURO
Maria Inez do Espírito Santo
www.mariainezdoespiritosanto.com


- É uma menina!

Duas vezes ouvi, na vida, esta declaração: nos momentos inesquecíveis em que nasceram minhas filhas. Mulheres. Companheiras legítimas que a vida me dava, compreendi então.

Em momentos completamente diferentes da primeira vez em que fui mãe, premiada com o menino mais lindo e mais perfeito do mundo, ao ver chegarem minhas filhas me tornei mais feminina, sem dúvida. Um feminino não evidente ou externado pela vaidade, mas prenhe, então, da consciência da responsabilidade de minha participação no ciclo da Vida, ininterrupto e sagrado.

Elas me trouxeram uma nova energia para zelar pela harmonia, pela justiça, pela graça, pela força criativa, pela capacidade de recomeçar, sempre.

Meu filho, ao chegar, me fez mais potente, sem dúvida. Mas foram as meninas que me deixaram perceber a força motriz da continuidade perene.

Depois, no cotidiano, o corpo de cada filha, zelado com carinho e cuidado foi uma redescoberta da preciosidade de meu próprio corpo. Sendo mãe, eu era filha outra vez e podia compreender, mais e mais, a intricada relação entre as mulheres, quando compartilham, através dos tempos, o mistério do feminino, herança singular indecifrável.

Ver crescer minhas meninas foi um desafio muitas vezes difícil. Eu queria ser sempre um bom exemplo, sem pretender ser modelo. Procurei ser desapegada, sem correr o risco de abandoná-las. E, é claro, devo ter errado nas medidas, mais vezes do que acertei, provavelmente . Inevitável risco, vitória impossível, investimento sublime, sem dúvida!

Hoje, em duas pequeninas mulheres, minhas netinhas, reconheço outra vez o desafio de minha missão de mulher e respiro fundo, pedindo inspiração para saber amá-las, como sábia anciã, estimulando nelas a autoestima, o verdadeiro respeito por si mesmas, capaz de se multiplicar em amor fecundo e imensurável pelo outro, na aceitação prazerosa do destino de ser continente.

E, agradeço às minhas filhas, Gabriela e Camila, pela generosidade de terem sido minhas condutoras e mestras nessa aventura que nos faz, as mulheres, retrocedendo no tempo, pelo caminho do espelhamento, no avesso da história, perceber o único sentido possível da existência.