Angela Borges
Vou me arrastando, mas vou
Vou capengando, mas vou
Com as pernas quebradas pelo tempo
Com o corpo doído pela idade
Com a visão limitada da maturidade.
Vou cair no frevo, vou rolar em Olinda
Vou deslizar nas ruas do Recife
Deleitar-me com a criatividade humana
Divertir-me com as irreverências carnavalescas.
Vou como um folião incansável
Um folião pernambucano da gema
Que ama Recife/Olinda
Que ama Capiba e Nelson Ferreira
E vibra com o hino de Clídio Nigro.
Vou me arrastando, mas vou
Me segurando nos corrimãos, nas gentes,
Sorvendo o cheiro do suor dos foliões
Saboreando as delícias do nosso carnaval.
Já choro em pensar na quarta de cinzas
Mais um que chega e já vai partindo
Deixando saudades e marcas intensas
Com fortes desejos de um retorno em breve.
02.03.2011