domingo, 6 de março de 2011

FOLIÃO NÃO TEM IDADE

Angela Borges


Vou me arrastando, mas vou
Vou capengando, mas vou
Com as pernas quebradas pelo tempo
Com o corpo doído pela idade
Com a visão limitada da maturidade.

Vou cair no frevo, vou rolar em Olinda
Vou deslizar nas ruas do Recife
Deleitar-me com a criatividade humana
Divertir-me com as irreverências carnavalescas.

Vou como um folião incansável
Um folião pernambucano da gema
Que ama Recife/Olinda
Que ama Capiba e Nelson Ferreira
E vibra com o hino de Clídio Nigro.

Vou me arrastando, mas vou
Me segurando nos corrimãos, nas gentes,
Sorvendo o cheiro do suor dos foliões
Saboreando as delícias do nosso carnaval.

Já choro em pensar na quarta de cinzas
Mais um que chega e já vai partindo
Deixando saudades e marcas intensas
Com fortes desejos de um retorno em breve.


02.03.2011